Thursday, March 13, 2008

Felicidade



"Os seguidores de Epimeteu", pondera o filósofo, "são improvidentes, pouco vêem à sua frente e preferem aquilo que seja aprazível no presente; daí que vivam oprimidos por numerosos apertos, estorvos e calamidades contra os quais batalham de modo quase contínuo. Nos intervalos, contudo, eles satisfazem a sua índole e, por falta de um melhor conhecimento das coisas, alimentam a sua alma com esperanças vãs e se deleitam e suavizam as misérias da vida como que imersos em sonhos prazenteiros. Já os seguidores de Prometeu são homens prudentes e ressabiados, que miram o futuro e que, cheos de cautela, antecipam e privinem muitas calamidades e infortúitos. Ocorre, porém, que essa índole alerta e providente vai escoltada pela privação de numerosos prazeres e pela perda de diversas delícias, visto que tais homens sonegam a si próprios o desfrute até mesmo de coisas inocentes e, o que é ainda pior, eles se torturam e dilaceram com cuidados, temores e inquietações, ficando assim amarrados ao pilar da necessidade e atormentados por um sem-número de pensamentos que ferem, rasgam e esburacam sem cessar o seu fígado ou mente."

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Pergunte-se a si próprio se você é feliz e você deixa de sê-lo. (John Stuart Mill em sua Autobiography)

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Em termos de distribuição de renda, o mundo é um lugar mais desigual do que o mais desigual lugar do mundo.


Penso em vários conhecidos que são mais ao estilo de Epimeteu e outros tantos, mais numerosos na verdade, ao estilo de Prometeu. Eu sou definitivamente ao estilo de Epimeteu com lapsos de desesperos prometenianos.

Há, é claro, muito mais o que comentar sobre mais este fantástico livro do Giannetti,
Felicidade, mas fica pra depois. Por hora, a referência:

Felicidade
Eduardo Giannetti
Cia das Letras

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