Saturday, November 22, 2008

Cadeias de acordes


Devido à matéria de Processos Estocásticos, que estou cursando nesse semestre, tenho que estudar cadeias de Markov. O contexto em geral é o de aluguel de carros em locadoras com múltiplos pontos de atendimento, ou de navios operando em rotas de cabotagem com suas centenas de conteineres, ou então simplesmente a análise de filas do que quer que seja... Resumo: você não morre de emoções nessa aula.

Mas, fussando na net em busca de um material melhor, descobri outras aplicações interessantes para a tal cadeia de Markov... Há aplicações em diversas áreas. Quando estava fazendo meus primeiros estudos, ainda no problema da locadora de carros, notei que minhas análises de equilíbrio levavam a gráficos completamente análogos a gráficos de reações de equilíbrio químico. Sim, cadeias de Markov também podem ser aplicadas à análises químicas!

Não bastando isso, achei o mais interessante: uso na música!

Agora deixem-me tentar esclarecer como a coisa toda funciona... Cadeias de Markov nada mais são do que conjuntos de previsão para o estado futuro de um sistema, em termos probabilísticos, baseando-se no estado atual e, eventualmente, também em alguns estados passados. No caso dos tediosos exemplos com fila, uma cadeia de Markov diz qual é a probabilidade de que a fila aumente ou diminua dado o número atual de pessoas nela (seu estado). No caso musical, portanto, uma cadeia de Markov diz qual é a probabilidade de que, por exemplo, a próxima nota musical seja um Lá dado que a atual é um Sol. Vamos a alguns dos materiais disponíveis na net...

Digital Music Programming II: Markov Chains - Aqui estão os conceitos básicos para a criação de músicas a partir de cadeias de Markov, com uma grande vantagem: o código fonte de um programa está disponível!

Modeling Music as Markov Chains - Composer Identification - Neste trabalho de Yi-Wen Liu, de Stanford, são estudadas cadeias de Markov de primeira ordem para a distinção entre diferentes compositores. Como as cadeias serão usadas para avaliar uma obra ainda "desconhecida" pelo algoritmo, é óbvio que os resultados não serão exatos, de modo que a distinção será baseada na identificação da matriz que corresponde a um menor desvio. Assim, uma métrica para desvios é proposta.

Markov Chains as Tools for Jazz Improvisation Analysis - David M. Franz não deixou barato. Jazz, John Coltrane, solos e cadeias de Markov de terceira ordem. Com um escopo tão grande, é claro que não se trata de um simples paper... Esta é uma tese completa que com suas detalhadas 92 páginas é uma leitura mais que recomendada para um melhor entendimento dessa área.

Granular Synthesis of Sounds Through Markov Grains with Fuzzy Control - Novamente focando-se na área da criação musical, este paper faz uso de um processo chamado de "síntese granular". Os grãos podem ser entendidos como "pacotes" com elementos mais detalhados em seu interior. Assim, as cadeias de Markov selecionam uma sequencia de grãos, enquanto uma lógica fuzzy define o conteúdo de cada grão. Um dos autores desse trabalho é Adolfo Maia Junior, da UNICAMP. E daí? E daí que pode-se tirar dúvidas em português com ele ou até arranjar uma conversa, com muito mais facilidade, caso você queira entender mais desse trabalho.

Esse post vai terminando por aqui, mas de modo algum o assunto... Há muito mais para fussar e para entender na net de trabalhos feitos nessa área. E depois, claro, há muito o que brincar com programinhas próprios também...

Friday, November 21, 2008

Esse orkut é de um sarcasmo...

Oroscopo del giorno: Il buonumore rende tutto più tollerabile

justo hoje, justo hoje!!!

Da prisão a Princeton

Quando Abass Hassan Mohamed nasceu na Somalia em 1982, seu pai celebrou o evento com uma variação no tradicional ritual somali. Ao invés de amarrar o cordão umbilical a uma cabra ou a um maço de dinheiro - na esperança de que a criança viria a prosperar quando crescesse - Hassan Mohamed Abdi amarrou o cordão a um livro e o enterrou próximo a uma escola. "Um livro e uma caneta. Eu fiz isso para todos os meus filhos", diz Abdi, um homem barbado de ascendência real. Ele estava convencido de que sua prole, membros de uma tribo minoritária e ignorada, precisaria de uma forte educação para conquistar o próprio caminho pelo mundo.

O trecho acima é uma livre tradução minha. Para ver a reportagem completa, em inglês, clique aqui.

Tamboritau


Ontem saí de casa lá pelas 10 da noite. Aproveitei a brecha de um feriado jogado na quinta-feira e fui lá ver essa tal de banda "Tamboritau" da qual o Barna vinha falando e que tanto empolgou minha irmã semanas atrás.

Saí de lá com a sensação de que o Barna e minha irmã estão com um parafuso a menos e que perderam o senso...

Claro! Pois deveiram ter insistido muito mais para que eu tivesse ido já semanas atrás ver esses caras... Tamboritau é esse tipo de coisa boa que só pode surgir no Brasil... Músicos independentes, apaixonados pelo que fazem, cheios de criatividade, apresentando arranjos elaborados misturando uma gama enorme de elementos e ao mesmo tempo visivelmente se divertindo horrores enquanto tocam. Não que fora do Brasil não existam músicos assim. Mas com a mistura de ritmos fortes e arranjos intensos trazidos pelo Tamboritau... não. A inclusão do berimbau em várias músicas não segue o tradicional uso do instrumento em músicas que querem ser "culturais" e adicionam o instrumento seguindo suas formas mais conhecida. Nas mãos do Tamboritau, o berimbau é mais um instrumento, a ser usado e explorado de forma criativa em diversos momentos da música, por vezes ganhando ênfase, outras nem tanto, e dividindo de forma justa e bem dosada o espaço com cavaquinho, guitarra, baixo, baixo acústico, trombone... e uma percurção interminável.

É imperdível!

Para ouvir umas músicas do pessoal, vá ao Palco MP3 do Terra. Cabe observar que, se o som já é muito bom, ver a banda ao vivo aumenta o prazer de apreciação consideravelmente, dada toda a energia que eles têm em palco...

Quero minha Rep de volta!

Casualmente navegava eu pelo Guia dos Curiosos, e acabei achando um programa bem interessante na "TV Curioso":










É claro que a reportagem que mais me chamou a atenção foi a do turismo de sofá. Sei que muita gente tem ressalvas com a idéia, mas minha única sensação negativa ao ver a reportagem foi a de não morar mais em minha república. Estivesse lá ainda, já teria feito meu cadastro no Couch Surfing com certeza.

A idéia de sair viajando por aí e poder se hospedar na casa de outras pessoas... O risco de encontrar alguém chato no caminho é mega minimizado, pois se a pessoa participa da comunidade Couch Surfing as chances de ser uma pessoa pouco dada a novas amizades é mínima. E com isso conhecer realmente um pouco das pessoas locais, ainda que numa amostra bem viciada contendo só "a melhor parcela", mas tá valendo.

E a idéia de receber viajantes também... Eu já sou naturalmente receptivo com viajantes, e isso muito antes de ter ouvido falar desse projeto. Sou receptivo com viajantes em geral, mas viajantes estrangeiros tem um atrativo a mais também. Só como observação, meu ânimo extra ao encontrar estrangeiros nada tem a ver com uma dicotomia preferencial no sentido Brasil vs. Exterior. É só uma percepção de que "quanto mais longe, mais diferente, mais exótico, mais inédito".

Quando fui morar em República pela segunda vez minha primeira aquisição foi um par de colchonetes. Não que eu precisasse de tantos... Era só uma reserva para garantir um mínimo de habitabilidade para visitantes esporádicos e aleatórios. Não fosse minha 25% consangüínea titia tornar meu lar uma ameaça à diplomacia internacional, já teria me inscrito daqui mesmo. Quando começar o turismo de marcianos aqui pra Terra, ou de habitantes hectoplásmicos de Alfa Centauro, acho que me empolgo tanto que além de colchonete dou um jeito de improvisar um quartinho num canto também!

Visite o site. Leia sobre o projeto, veja as fotos das pessoas, os perfis... Se não viu o link lá em cima, tente de novo aqui.

Companhia


Fui dias atrás até o Shopping Central Plaza, a uns dois ou três quilômetros aqui de casa. Fui de trem. Mas, estando com um tempinho livre e excesso de ócio acumulado nas veias, resolvi voltar a pé. Normalmente é uma caminhada solitária, não muito boa em termos de paisagem e infra-estrutura (faltam até mesmo calçadas apropriadas, em vários trechos da Avenida do Estado), mas sempre excelente pelos méritos espirituais que toda boa caminhada traz. Mas dessa vez não foi realmente uma caminhada solitária...

Quando vi, um vira-lata vinha me acompanhando... Às vezes pensamos estar sendo seguidos por cachorros quando na verdade nossos caminhos apenas apresentam um pequeno trecho coincidente, não sendo essa sobreposição de trajetos de modo algum um imperativo de ligação entre os caminhantes. Mas, dessa vez, eu não tinha dúvidas: o cachorro estava me acompanhando. Eu mudava meu caminho, ele mudava o dele. Eu atravessava a rua, ele me olhava, verificava a segurança da operação, e atravessava também. E sempre me olhava.

Não sei até agora o que foi que chamou a atenção dele. Se foi o fato de eu estar cantarolando velhas músicas do Vinícius de Moraes, se foi a esperança de conseguir alguma ajuda de um raro mamífero bípede a aparecer desmotorizado por aquelas bandas, ou se algo estava significativamente diferente com meus odores nesse dia. Fato é que o cachorro me seguiu. E seguiu por todos os quilômetros, até em casa.

A vontade de adotá-lo como meu mais novo animal de estimação foi enorme. Dei a ele, na calçada em frente de casa, uma justa retribuição pela escolta, contabilizada em forma de leite. Decidi não adotá-lo por razões práticas. Meia hora depois de nos termos despedidos, caiu mais uma dessas fortes pancadas de chuva que têm acontecido ultimamente. Nunca mais vi o cachorro, e me arrependo de ter sido tão racional em rejeitá-lo.

Fôlego renovado


Acordei por volta de cinco da manhã. Um bom café da manhã, um bom banho. Meu pai buzinou aqui em frente de casa no horário combinado, lá pelas seis. Estava uma manhã de ar frio porém céu claro, o que prometia um confortável aumento de temperatura pelas horas seguintes.

Avenida do Estado: trânsito, trânsito, semáforo e mais trânsito, até que, finalmente, Marginal Tietê e Rodovia dos Bandeirantes. Em mais meia hora estávamos em Jundiaí para um delicioso (segundo) café da manhã na casa de parentes queridos. Depois voltamos à estrada.

Estou enclausurado em São Paulo nas últimas semanas, e essa pequena viagem de um dia fez um bem enorme pra mim. Não só por ver pessoas queridas de quem a saudade já ia passando da conta, poder brincar com minha sobrinha e tudo o mais, mas há algo com a viagem em si... Gosto de estrada. Gosto de estar indo para algum lugar. A sensação de amplitude infinita dos horizontes amplos que a cidade nunca é capaz de oferecer parece ir dos olhos à alma instantaneamente. Sinto-me como se pudesse ter respirado toda essa montanha infinita de ar de São Paulo a Descalvado e ganhado com isso um novo fôlego que de nenhuma outra forma poderia ter surgido.

E se uma pequena viagem pelo chão já é assim impactante, imaginem só como vou me sentir tão logo volte a voar...

Friday, November 14, 2008

Inigualável

O Blog do Grijó é um desses lugares que você encontra na net só porque estava com tanto sono que nem conseguia ir dormir, mas quando percebe virou visitante regular e não consegue mais viver sem... Onde mais encontraríamos uma foto de ninguém menos que Paul Desmond com essa memorável cara de feliz, se não nesse precioso recanto, e acompanhada de informações preciosas? Não vou mais falar do site.. visite você e confira!

Tuesday, November 11, 2008

Genial



Ah, nem dá pra comentar... Mandou muito bem!

Monday, November 10, 2008

Em família



Pai do Jeferson, incentivando-o a comemorar o aniversário:

- O que você vai fazer hoje? Esse dia não pode passar em branco!

A civilização moderna



"Enquanto escrevo, seres humanos altamente civilizados estão sobrevoando, tentando matar-me. Não sentem qualquer inimizade por mim como indivíduo, nem eu por eles. Estão apenas 'cumprindo o seu dever', como se diz. Na maioria, não tenho dúvida, são homens bondosos e cumpridores das leis, que na vida privada nunca sonhariam em cometer assassinato. Por outro lado, se um deles conseguir me fazer em pedaços com uma bomba bem lançada, não vai dormir mal por causa disso. Está servindo ao seu país, que tem o poder de absolvê-lo do mal."
George Orwell, Inglaterra, tua Inglaterra, 1941

Thursday, November 06, 2008

Reinventando...

E às vezes a gente acha que não tem nada de novo pra aprender sobre assuntos básicos, como a multiplicação de dois inteiros...

Wednesday, November 05, 2008

Eu amo Sócrates


A capacidade de dizer "eu não sei" e de separar claramente conhecimentos sólidos de especulações é o ponto alto da inteligência humana. Aos que temem este tipo de conhecimento ser "frio" demais, lembrem que essa capacidade envolve a comunhão de todas as inteligências... analítica, emocional, social e tudo o mais.

As pessoas não dão a devida atenção a Sócrates...

Sunday, November 02, 2008

Durkheim estava certo!

Pois é... É só eu pensar uma besteira qualquer, que um tempinho depois o mundo me prova que Durkheim estava certo, e por mais isoladas que pareçam ser nossos devaneios loucos, de alguma forma eles não pertencem à nós, e sim à teia social à qual estamos conectados, e grandes são as chances de que a mesma idéia tenha se manifestado em outro lugar, em outra ocasião, por meio de outra pessoa...

Acabei de falar no meu gosto por máquinas de escrever antigas, e veja só o que encontro por aí:



A página original de onde a foto foi tirada é essa aqui.

Sou um potencial colecionador de velharias



Dormi no ônibus esses dias aí... Nada muito grave, não passei muitos pontos adiante do meu até acordar. Desci em frente à Faculdade de Direito do Largo São Francisco. No caminho de volta, vi uma vitrine cheia de máquinas de escrever, e duas ou três delas eram muito, muito velhas! Dessas pretas, com teclas redondas de bordas prateadas. Eu gosto dessas coisas velhas, não tem jeito...

Talvez esse gosto tenha sido um dos fatores que me deixou, de imediato, muito apegado ao clarinete que ganhei da minha irmã. O sistema de chaves dele não é como o de um clarinete comum. Não sei se é melhor ou pior... Sob muitos aspectos, pode-se dizer que esse sistema é pior que o sistema mais usado, pois o meu clarinete inibe a saída de som da maioria das furações por ter chaves "cheias" ao invés de meros anéis para acionamento de mecanismos, que deixam o ar passra livremente quando não estamos tampando determinado buraco. Difícil de explicar, sem o auxílio de algum desenho... O que importa é que meu clarinete tem uma incorrigível cara de velho, e também por isso eu gosto muito dele!

Saturday, November 01, 2008

Que semana foi essa?

  • Estou no ônibus, lendo aos trancos e solavancos a saborosíssima coletânea de ensaios do Stephen Jay Gould, "Dinossauro no palheiro", quando decido passar pela catraca e procurar um lugar lá pra trás. Ao levantar, um cara de aparência não-convencional-não-chamativa olha para o livro e diz enfaticamente: este é um ótimo livro! Retruquei o comentário dizendo que era um ótimo autor e que a obra toda dele parece ser excepcional... E pronto, ficamos conversando pela próxima meia hora, ou quase isso, até o destino final. Faculdade, formação, pesquisa, graduações e pós graduação, vida, interesses pessoais e preocupações de gente grande como filhos e casa para cuidar (assuntos mais concretos pra ele, no momento, do que pra mim). Sim, essa cidade ainda oferece ótimas conversas inesperadas.

  • Estava no shopping procurando pela minha irmã. Não via a hora de fazer a surpresa... Não tinha sido nada fácil conter com muita disciplina minha fome e gula para salvar a ela uma embalagem dupla de Twix e, ainda por cima, um bombom. Encontrei-a. Mostrei primeiro o Twix, todo generoso, como se estivesse dando a ela uma ilha inteira com uma mansão ostentosa no topo de uma alta colina. Ela sorriu, olhou pra mim e tirou da bolsa um prestígio, pra mim. Ainda bem que eu tinha comigo o bombom... Assim, ao invés de nos limitarmos à troca de chocolate, darei a ela uma surpresa genuína: uma surpresa em cima da surpresa inicial, algo que realmente não poderia ter sido esperado e que, portanto, constituiria um gesto extremamente valioso. Tirei do bolso, triunfante, o bombom... Na mesma hora, sorridente, ela levanta da bolsa outro bombom, de sabor diferente... Somos irmãos, somos muito iguais. Discordamos profundamente sobre as razões que fazem o mundo ser como é, mas gostamos muito que ele seja assim...

  • Cheguei antes ao teatro para garantir lugar para mim e para os meus amigos. E dessa vez, lugar bom, lugar na frente. Por que lugar na frente é ótimo para ver a banda de perto e acompanhar bem o show? Nada disso! Lugar na frente é ótimo para conhecer, inusitadamente, um ambientalista e um geólogo super gente boas!

  • Duas opções: ir embora ou tomar algo para distrair e bater um papo de fechamento da noite? A segunda, obviamente! Comprei um refri, minha irmã e o Sinjin, meu amigo da Poli, compraram sorvetes. E nos sentamos na praça de alimentação, a Ananda, o Sinjin, eu e o Dudu. Dudu? É, o Dudu? Que dudu? O músico! O músico? Sim, o músico!Sentou-se do nosso lado, começou a comer um lanche, estranhamos a ausência de companhia e foi lá minha sister conferindo: "Dudu... tá sozinho? Junte-se à nós!". Definitivamente... o pessoal da Traditional é MUITO gente boa!
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