Thursday, September 27, 2007

Notas sobre coerção


Nas aulas de sociologia, no colégio e na faculdade, uma das coisas que eu achava mais bizarras de ouvir era a palavra "coerção". E agora, cada vez mais, venho formando uma noção concreta do que esta palavra significa. Estou com sono demais agora para me alongar escrevendo, espero ter forças para isso depois. Mas o fato é que sinto isso em minha vida em vários momentos... situações em que me sinto preso, compelido a isso ou aquilo ou impedido de outras coisas, de um modo que soa inevitável. E, mais ainda, vejo nas outras vidas também... A relação necessária entre visão concreta das coisas e fuga para um mundo de imaginação, de sonhos, de considerações abstratas, impossíveis e até mesmo alucinógenas de certa forma. Os desejos que existem, sei que estão lá, mas nunca são ditos. Nunca são e nem nunca serão manifestos (em excesso). Os atos feitos a contragosto ou não feitos nunca apesar da sede enorme. E a lista é interminável. A coerção é uma realidade física, concreta. Existe mente, existe coerção. É um conflito do ser com o mundo e entre os seres. Mas, devo observar, embora a palavra carregue uma pesada conotação negativa, de modo nenhum sua existência está atrelada a algum juízo de valor. A existência precisa de coerções de todas as espécies. A própria matéria ganha realidade ao configurar-se como limitação e determinação à liberdade de outra matéria qualquer. É por esse atalho lógico que, creio, entender a mecânica da coerção seja um componente fundamental do entendimento da realidade social. Como em todo conflito saudável, o que as complexas relações de coerção geram é um tipo de equilíbrio instável que vai caminhando a variável de estado de uma configuração para outra sem pedir muita licença a quem quer que seja. É algo como que vivo por si.

O Esperâncio!


Eu tinha esquecido do Esperâncio... Lembrei dele hoje, fussando nas minhas coisas velhas. O texto completo está aqui. Ah, o Esperâncio e sua busca por um mundo melhor... Não quero ser o Esperâncio...

Quanta cerveja é consumida no Brasil por ano?


Bom... há quem encha a cara por aí e há os abstêmios... Os mais breacos que conheci virariam cinco garrafas, mais talvez (nunca os vi tomando só cerveja né... sempre tinha outros alcoólicos para dividir a resistência). Mas não fazem isso todo dia. Então para os breacos, uma média de 1 garrafa por dia já parece muito. E mesmo aos mais bebuns a vida se encarrega de providenciar uma sobriedade minimamente sazonal. Na média, então, consideremos 0,5 garrafa por dia, por pessoa. Mas a população é composta por diversas faixas etárias e por dois sexos de tendências razoavelmente distintas. Supondo que os muito velhos ou muito novos para o prazer do álcool perfaçam 35% da população (30 me soa pouco, e 40 me parece muito), temos então 0,65*0,5, ou seja, 0,325 garrafa por dia, por pessoa. Com 190 milhões de brasileiros por aí, e 365 dias num ano, temos um chute de 190e6*365*0,325, o que resulta em 2538750000 de garrafas por ano. Como cada garrafa contém 600 mL, nossa estimativa resulta num consumo anual de 13,5 bilhões de litros por ano. Segundo um documento do BNDES que pesquisei , o número correto está na média de 8,3 bilhões de litros anuais. Agora não sei se exagerei na sede do pessoal ou errei na correção da faixa etária.

Seqüência de Fibonacci

Olhe para a seguinte seqüência de números:

1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, ...

Qual é o próximo número? Muito bem, é 35... A seqüência determina um novo número sempre pela soma dos dois números anteriores, não é? Muito simples, babaca, sem graça... Fui então fussar no termo geral para essa série, e uma coisa curiosíssima aconteceu. Veja:

Suponha que o primeiro número da série é N(1) valendo A, e o segundo número seja N(2) valendo B... Então:

N(1) = A
N(2) = B
N(3) = A + B
N(4) = A + 2B
N(5) = 2A + 3B
N(6) = 3A + 5B
N(7) = 5A + 8B
N(8) = 8A + 13B

Percebe o que está acontecendo? Na busca pelo termo geral, a própria série volta a se repetir!!! Um termo geral para esta série precisaria.... da própria expressão para o termo geral, é um problema circular, não tem fim! Fiquei curioso com isso e triste com minha incompetência matemática. Mas então percebi que eu não precisava ficar tão triste assim. Veja só:

"The Fibonacci Series is a sequence of numbers first created by Leonardo Fibonacci (fi-bo-na-chee) in 1202. It is a deceptively simple series, but its ramifications and applications are nearly limitless. It has fascinated and perplexed mathematicians for over 700 years, and nearly everyone who has worked with it has added a new piece to the Fibonacci puzzle, a new tidbit of information about the series and how it works. Fibonacci mathematics is a constantly expanding branch of number theory, with more and more people being drawn into the complex subtleties of Fibonacci's legacy."

Mais informações e curiosidades sobre a série podem ser encontradas neste site , além de inúmeros outros que você pode encontrar em qualquer buscador.

Saturday, September 22, 2007

Bêbado de sono...

É assim que estou no momento, morto de sono... mas por uma razão qualquer sinto ainda uma vontade de escrever algo aqui antes de tomar um banho mais que merecido e desmaiar para uma pequena hibernação. Nem sei porque tanta vontade assim de escrever, já que não sobra tanta disposição assim para todos os detalhes. Quantas cenas, momentos, sentimentos, descobertas e histórias foram se comprimindo nos últimos dias... Contraste é a palavra da vez.

Fomos voar hoje com o avião da competição. O avião foi desmontado e dividido em três carros. Na marginal, já quase na Dutra, bateram em um dos carros, o do Guilherme.
Foram fazer B.O. em alguma delegacia. Depois, carro batido e tudo, levaram as asas... Passamos a tarde montando o avião. E, por fim, o vôo foi um sucesso. Apenas um vôo, mas um vôo perfeito.

Semana passada pensei em sair da aula de zouk e afins. Eu estava lá, vendo as pessoas dançando, ouvindo aquela música, e só me deixando consumir pelos pensamentos errados e pelo lado impertinente de sentimentos enterrados a contra-gosto. Bobagem. Cortar grandes coisas boas da vida pelo incômodo desta ou daquela fatalidade é isso: bobagem. Continuei nas aulas e são sempre histórias boas! Até arrastei outras pessoas, devidamente animadas, pra participar também... Cabe só a mim decidir se serei feliz ou triste com as histórias que a vida vai montando.

Virei uma madrugada cuidando do projeto de formatura.... isso acabou com minha sexta-feira. Não sei mais virar madrugadas em claro, ou bancar o aluno que copia matéria em sala de aula e faz perguntas... Mas o trabalho foi entregue, bem feito. É o que importa.

O Oscar é um cão gente boa, gosto dele.

Traditional Jazz Band. Nesta sexta o Cidão deu um show à parte, embora todos estivessem, como sempre, impecáveis. E, se querem saber, a música a gente já sabe que é boa mesmo... O legal dessa vez é que vieram boas piadas também.... E a presença do Gutobat, do Mala e do Paulinho só contribuiram para melhorar as risadas!

Achei que seria assaltado. Eu andava pela calçada da pista local da marginal pinheiros... Ele atravessou a rua na frente dos carros, pulou o "guardirreio" e estendeu a mão pra mim. Estava bêbado. Foi andando comigo e dizendo que eu iria ajudá-lo. Avisou inúmeras vezes que não iria me assaltar. Não gosto de bêbados que acham importante ressaltar que não é um assalto... Por que eu deveria estar com medo de um assalto? Lá pelas tantas, ele mandou que eu andasse mais devagar.... "Por que a pressa?" Então, estou atrasado... Meus amigos me esperavam às 19 e já são 19:10.... "Ahhhhhhnnn.... precisa correr então... vamos correr"? E ele quis sair correndo... Não! Você, bêbado assim, vai se estourar no chão se tentar correr... "Bêbado corre melhor, sabia?" Sei... Sei... O inusitado transeunte acompanhou-me até dentro do shopping Villa-Lobos. Não me assaltou. Eu não sei em que diabos ajudei ele se é que ajudei. Mas ele contou metade da história da vida dele pra mim e, à parte essa última garrafa de vodka, até que era interessante!

Andar a pé cansa, demora, não permite levar muitas coisas e te faz uma presa fácil dos caprichos meteorológicos. Mas faz bem, afinal... Você repara muito mais nas coisas que existem no caminho. E descobre que mesmo perto de casa há coisas surpreendentes das quais você nem havia se dado conta!

Pois é... nem comecei a falar dos últimos dias ainda... As lições das histórias alheias e das minhas histórias, detalhes dos trabalhos, resumos das coisas legais que li, devaneios dos mais variados que esquematizei desta ou daquela forma, cenas que observei nas minhas andanças por aí, reflexões sobre mil coisas.... Minha vontade desesperada de descobrir como fazer as pessoas felizes e minhas reflexões sobre as impossibilidades ou impertinências deste anseio em algumas situações..... Mas, como disse... o sono me consome. Vou desmaiar um pouco. Amanhã tem mais disso: vida.

Friday, September 21, 2007

contraste...

alguns dias atrás o marasmo ameaçava me corroer por dentro... agora, quase 03 da manhã, e eu ainda aqui terminando de formatar o relatório do projeto de formatura... que beleza, que beleza...

Wednesday, September 19, 2007

Peaceful Instinct



Sunday, September 16, 2007

Flashes rápidos

"... pira-pulata..." - Nota-se que o Rafows teve uma infância farta em brinquedos pitorescos!

"Peut être que oui, peut être que non" - e lá vou eu aprendendo mais uma, oui oui....

Tuesday, September 11, 2007

As pessoas ao nosso redor

Um amigo meu diz que às vezes me imagina num grande laboratório segurando, por cordas, pequenas pessoas como se fossem ratinhos de experimentos, enquanto eu faço minhas investigações. É um exagero da parte dele, mas é verdade que a riqueza, diversidade e abrangência das realidades alheias me hipnotizam. Olho pra fora e olho para minha própria vida. Surge uma visão em perspectiva. Coisas absolutas ficam relativas.

Eu estaria louco não fossem todas essas pessoas preciosíssimas por perto se dispondo a dividir este e aquele detalhe e permitindo que o todo, de um jeito ou de outro, comece a formar algum sentido...

Momentos

  • já pensou em mil palavras e acabou sem dizer nenhuma?
  • alguma vez já pensou que estava sentindo algo que não queria estar sentindo? e viu que estava mesmo?
  • já se confundiu sobre se queria mesmo sentir o que sentia ou se apenas sentia não querer se sentir assim?
  • já ficou duas horas para escrever um postzinho ridículo num blog empoeirado e não dizer absolutamente nada?
  • algumas vez já... já.... deixa pra lá.

Sunday, September 09, 2007

É no Villa!



Que outro evento poderia inaugurar o tag "Agenda Cultural" neste blog com mais estilo?

Nesta sexta, 14/set, nos encontraremos às 19hrs no shopping Villa-Lobos para assistir, às 20hrs, a excelente Traditional Jazz Band . O show será na Livraria Cultura, e custará apenas um quilo de alimento. Imperdível!

Friday, September 07, 2007

Um conto breve com metáforas



O vôo decolou de Itanhaém com destino à Europa, com escala no Havaí. Infelizmente uma das pessoas a bordo da aeronave sentiu-se mal e um pouso de emergência precisou ser realizado ainda em São Paulo. Ainda assim, ao contrário do que sugeriam os piores medos e do pânico a bordo, foi um bom pouso...

Thursday, September 06, 2007

Em tempo...



Quem não sabia do que se tratava e viu que a primeira apresentação seria de um tal de "Papa Grows Funk" se assustou. Mas não, não tinha nada a ver com o funk carioca. Com um som de qualidade e amigos sempre de alto astral, a tarde foi perfeita. Outro nome que animou a pequena multidão foi Erica Falls. Fomos embora antes da apresentação de Chubby Carrier, mas acho que o melhor, aproveitamos. As risadas todas, vindas de mil pequenas histórias e tiradinhas, são irreproduzíveis. Mas quem foi sabe o quanto valeu!

Tá quase na hora

Falta cada vez menos...

Resumos pontuais não necessariamente conexos

  • Acho que nunca fui tão longe.
  • Chega de liminares, cortaram a árvore.
  • Sinal verde para o projeto de Controle. Com financiamento!
  • Paz de espírito é uma coisa pra lá de importante.
  • Saiba entender o que você sente.
  • Sempre checar o nível do óleo do carro.
  • Ninguém tem a obrigação de sentir o que não sente.
  • Sketch do dia: "Vamos invadir a Reitoria de novo!!!!! ..... ... ... .... .. Brincadeira!!!!" - quero um blindado com microfone pra mim, que divertido!
  • O Relógio está fechado, não se sobe mais lá.

Wednesday, September 05, 2007

Tragédia anunciada

Um estudante aplicado, capaz de absorver conhecimento em volume e desenvolver experiência em profundidade. Um cantor versátil, conhecedor de técnicas e teorias e sempre inspirando emoções das mais diversas em quem o vê imerso em sua prórpia voz. Um boêmio incorrigível, sempre rodeado de amigos sem fim nas mesas da cidade, dividindo risadas escandalosas e desafiando a vida a valer a pena. Um escritor com bagagem e estilo, disposto a falar das mais diversas coisas e conhecedor de todas elas. Capaz de mergulhar tão fundo na própria introspecção que sai do outro lado em mundos alheios. Capaz de ser tão altruísta no linguajar que chega vez ou outra a ser compreendido. Um pai amoroso, presente, que abraça os filhos e faz a esposa feliz. Que cuida da casa, ensina valores e é criativo para resolver de alto astral as trivialidades do dia-a-dia. Um piloto que conhece das mais escondidas pistas do garimpo na amazônia aos grandes aeroportos internacionais. Que sabe palestrar sobre pequenas diferenças entre motores Pratt & Whitney e Rolls-Royce de toneladas de empuxo, e que diferencia o carburador bom de um ruim apenas pelo barulho, enquanto descança à sombra num aeroclube qualquer. Um amigo perfeito, capaz de dar bons conselhos, de improvisar boas risadas, de não só não cobrar nada, mas de não querer nunca nada de volta, lá do fundo do íntimo mais escondido. Um funcionário exemplar, que ao invés de se deixar abater pelo contágio da morosidade improdutiva reconhece suas causas e a combate de forma criativa, fazendo a diferença e levando todos a se motivarem novamente. Um esportista incansável que não reconhece nada na existência além do desafio do próximo recorde. Um filho presente e grato pela vida com que foi presenteado, capaz de sempre encontrar tempo para dar aos pais um pouco da atenção que ajuda a sustentar um lar. Um viajante eternamente perdido, nunca capaz de repetir um destino e em perpétuo movimento contrabandeando histórias sem respeitar nenhuma fronteira. Um cientista mergulhado no trabalho e nas questões que enfrenta, capaz de abdicar de todo o conforto financeiro e material para viver o único desafio de encontrar respostas para as causas que o norteiam. Um professor ciente da profundidade de seu papel, blindado contra as espinhosas rejeições do mundo. Um pintor louco, capaz de ver com clareza o que ninguém jamais imaginara. O perfeito cidadão comum, feliz por cima de qualquer irremovível cansaço. Um amante inconsequente, entregue de corpo e alma aos mais explosivos desesperos do imediatismo. Um inventor visionário com um anormal senso de praticidade e prioridade, gerando sempre coisas que transpõe as barreiras da mera curiosidade. Um cidadão do mundo, consciente da história e do presente do planeta, ativo na luta por viabilizar o atendimento de tudo o que é prioritário. Um bom contador de histórias, iludindo a todos com qualquer sequencia de palavras bem cantadas enquanto rouba os mais memoráveis olhares. Um engenheiro com um conhecimento incomum dos mais diversos domínios, especialista em atacar um problema, desde cedo, em seu ponto fraco, e em criar soluções tão simples que parecem sempre ter estado ali.

Hoje acordei anormalmente adulto. Adulto e violento. Estuprei meus sonhos antigos e os atirei, inférteis, à sarjeta. Não posso evitar. Nesta noite acontecerá uma chacina. Matarei diversos eus. Não há mais espaço, em mim, para sonhos infinitos que nunca são. Sei que vou chorar cada morte de mim, mas será apenas até morrer também este eu fresco que chora cinematograficamente por qualquer tragédia mal enunciada. Uns poucos sobreviverão para ocupar um mundo interno agora sem este ruído sem fim que em nada se concentra. Tiveram chances demais, todos eles, não é mesmo? Que exagero desmedido... Sei que eles não vão sumir. Todo ano, em alguma noite escura de lua cheia, num ritual satânico permitirei que um ou outro retorne do completo esquecimento para povoar novamente meus domínios. E será apenas a brincadeira cruel de trazê-lo ao mundo para matá-lo de novo. Quero me sentar em uma mesa com o próprio Fausto do lado oposto. Vou rir dele, e ele vai rir de mim. Mas só pago a minha conta. Quero mais uma dose, depois quero não querer mais nada.