Thursday, December 27, 2007

Feliz 2008


Que em 2008 eu saiba ser íntegro e correto em momentos com fortes tentações ao erro, e que eu tenha forças para errar quando o "agir correto" for uma simples forma de esconder incoerências inconvenientes. Que em 2008 eu aprenda com todas as tristezas que vierem superando-as rapidamente, e que viva cada alegria até o fim sem me distrair [muito] de minhas metas principais. E que eu possa sempre ver todos os meus amigos e pessoas queridas tão felizes quanto possível, e que eu seja ágil e sábio para encontrar sempre todas as formas de colaborar com estas felicidades alheias tão importantes para mim. FELIZ 2008!

Tuesday, December 25, 2007

Física social


[Democracia] é uma forma de governo que prevê a livre discussão, mas que só é atingida se as pessoas pararem de falar. Clement Atlee

Constatações repetidas


Sentimentos
Fossem sólidos
quebravam
contra a parede
quando jogo
desisto
insisto
Fossem sólidos
sumissem
diluíssem
Maciços
Escondidos
Entorpecem
etéreos
eternos
Insistem
Resistem
Teimam

Chuva de natal


A chuva afeta diretamente a cronologia dos pensamentos impedindo que congelemos o mundo externo num devaneio irresponsável por considerações impróprias. Efeito semelhante teria a música, mas sua artificialidade lhe tira o crédito enquanto com a chuva, somando-se aí sua magnitude, dá-se o oposto.

Tenho uma biografia diferente a cada trovão, e quando a chuva passar tudo o que pensei ficará escondido numa nota de rodapé. Num livro fechado. Numa estante velha. Num sótão empoeirado.
Ainda bem que, na maior parte das vezes, não sei de mim com tanta clareza como quando chove. Não me suportaria.

Solidão


Não estou me sentindo sozinho agora. Mas estou pensando na solidão. Na impossibilidade de compor uma definição direta e sucinta para a solidão que lide apenas com a proximidade física. A solidão afinal, ou sua cura, não é um fenômeno ligado a outras pessoas. Nasce e morre dentro de cada um. A solidão enquanto sentimento que goza de realidade física, é isolada, solitária dentro de cada um. Não é um isolamento físico, por si só, que produz a solidão, e nem mesmo a proximidade de outros que a cura (muitas vezes o efeito neste último caso é precisamente o contrário!). Coisa misteriosa essa sensação de que a vida não aconteceu a pleno se não foi dividida... Na fenomenologia do espírito com vocação para a solidão as coisas vão do mundo inanimado à experiência, dessas são diluídas à alma em sensações das mais diversas, e finalmente condensam-se numa história que se conta a um olhar alheio. E só é real aquilo que completa o ciclo.
Eu não entendo porque é que não serve um olhar qualquer, um ouvido qualquer... Seria tão mais barato combater a falta de ar carente vergonhosa da solidão se qualquer ouvido bastasse... Sugeriria a todos os sozinhos que providenciassem uma estátua a lhes ouvir as histórias. Ou, caso alegassem a necessidade de sangue quente pulsando por dentro da pele, poderíamos pensar em realocar todos os surdos por aí... Que serviriam de remédio contra as solidões do mundo sem incorrerem no risco de envenenarem-se da natureza alheia, protegidos que já estão dentro de suas próprias mentiras.
Equilibrio. Nada de extremos. Não há nada de errado em bastar-se a si, a saborear sozinho os sabores da própria vida. Não é condenável ser sozinho o expectador da própria arte. Mas equilíbrio. Vez ou outra é bom sim ser platéia da arte alheia e deixar que saibam dos teus rabiscos.

Saturday, December 22, 2007

Presença de espírito


Um dia, [Voltaire], caminhando pelas ruas, [numa época em que pairava forte sentimento contra os franceses], viu-se cercado por uma multidão irada. "Enforquem-no! Enforquem o francês!", gritavam. Voltaire calmamente se dirigiu à turba: "Ingleses! Desejam matar-me porque sou francês. Já não fui punido o suficiente por não ter nascido inglês?" A multidão aplaudiu suas sensatas palavras e o escoltou de volta ao seu alojamento.
Trecho do livro Os Bastidores da Diplomacia, de Guilherme Luiz Leite Ribeiro

Friday, December 21, 2007

Muita sede

- Por gentileza, quanto é o milk-shake de 500 mL?
- Desse tamanho nós não fazemos. Só delivery...
- Ah tá... E qual é o endereço deste estabelecimento, por favor?

Tuesday, December 11, 2007

Tô orgulhoso


Ela está se formando. Estou tão mega orgulhoso da minha sister! Quando eu crescer, vou ser dedicado igual ela... Só nas idas e vindas entre São Paulo e São Carlos, ela mal sabe, mas foram mais de 43.000 quilômetros ao longo desses quatro anos (uma volta na Terra, pelo Equador... tá bom pra você?). Vários empregos, aulas em São Carlos e aqui em São Paulo, apresentações, os amigos da República, as viagens a congressos e festivais, os trabalhos... E ainda sobrou tempo para ela se lapidar nesta pessoa com quem adoro conversar!
(mas, sister, se fizer alguma piadinha por estar se formando antes que eu!!!! oooooolhaaa! =P)
Beijoooooooo!!!!!!!!!!

Saturday, December 08, 2007

Happiness

Gosto desse auto-relevo. Pensei em escrever várias coisas quando o vi... Notas auto-biográficas de cunho psico-analítico. Alguma ficção algo poética. Um pequeno rascunho de filosofia sociológica. Mas no fundo qualquer alternativa dessas seria uma apropriação da obra à minha leitura. Então aprecie-a por você mesmo. De minha parte, fica apenas a observação de que gosto desse auto-relevo...

Tempos modernos


Mesmo quem não vive preso ao passado, pensa do presente pra frente e etc., vez ou outra se entrega a recapitular certos episódios da vida. A gente pensa no que aconteceu, relembra momentos, diálogos, situações, e vai reformando nossas auto-explicações, nossas teorias de nós mesmos. Hoje em dia, contudo, diversos momentos podem ser recapitulados com fidelidade, ao menos no que se refere a certos diálogos que ocorreram intermediados pela rede. Não há espaço para reinventar convenientemente o passado: você revive palavra por palavra do que ouviu e do que disse. Às vezes a tentação de inventar o passado é tão grande... apagar alguns detalhes, modificar "levemente" outros... Olhá-lo com clareza é estranho. Nem sei dizer se é recomendável...

Denominador comum

Sabe aquele sonho eterno dos físicos de encontrar a teoria de tudo? Algo que descrevesse, em poucas linhas, a gravitação, as forças do mundo microscópico e macroscópico, a natureza da matéria e das ondas? Talvez seja loucura deles imaginar que tal teoria existe, talvez não. Eu, muito mais humilde, fico me perguntando sobre a teoria de tudo numa outra área: as pessoas. Cada pessoa é única, absolutamente única em infinitos aspectos diferentes... Não obstante, alguns traços parecem existir em todo mundo. Até onde vai isso? Será que existe uma teoria de tudo para as pessoas? O que ela diz? O quão correto são os insights de grandes escritores a esse respeito, como Dostoievski, Nietzsche, Sartre, Saramago, e mais um punhado deles?

Friday, December 07, 2007

Desafio

Objetivo: Discutir os últimos avanços nos estudos das vibrações induzidas pela vorticidade em estruturas elásticas de geometria rombuda.

O desafio: manter a concentração no objetivo acima, num ambiente de muito sol, praia, paisagens paradisíacas, instalações cinco estrelas...

Já perdi, e nem ligo! =D

Profissional

Eu devia arrumar um emprego num pit-stop.... Foi um recorde! Não sei o que motivou tanta eficiência, se foi o medo de ser atropelado no meio daquela avenida ou se foi a garoa que escolheu uma hora perfeita pra virar tempestade... Agora dizem por aí que eu vou ganhar um chopp, mas não posso tomar nada gelado no momento!

Prazer

Fazia um tempo já que eu não a via. Por isso, quando a encontrei ali, nua, esperando por mim, fui tomado não só por um desejo profundo, mas também por uma indisfarçável surpresa. De qualquer modo, eu ainda iria hesitar... Eu queria me entregar, é verdade, e possuí-la sem pudor algum, mas da última vez que me deixei ser guiado pelos sentimentos a realidade cobrou caro o troco dessa imprudência, e a dor que senti é indescritível. Devo ou não devo? Eu quero! Mas será que é certo? Esses pensamentos consumiam meu cérebro, enquanto meus olhos captavam apenas aquelas formas perfeitas, aquela exatidão de proporções, e eu ficava pensando em sua textura, meus lábios queriam sentir o sabor, a temperatura, todas as sensações possíveis... É exagero de minha parte? O que sei é que fazia tempo que eu não comia uma torta de limão tão boa, que saudade!

Wednesday, December 05, 2007

Intermarine


Eu adoro essas lanchinhas.... Não é só a 560 full (a da foto), mas gosto da linha Intermarine em geral... Quem sabe um dia, né?!
Para ver mais: www.intermarine.com.br

Monday, December 03, 2007

A doida do metrô


Sentou-se ao meu lado. Cabelos loiros, compridos. Vestes quase hippies. Aparentando algo como cinqüenta e cinco anos de idade, talvez um pouco mais. Abriu um grande livro. Capa azul. Capa dura. É da coleção Os pensadores, disse a mim mesmo.

Eu iria descer na Luz, faltavam apenas três estações. E então pensei: "faço contato ou não? ah, que mal pode haver? sempre surgem conversas interessantes nessas situações...". E lá fui eu:

- Olá! Desculpe a intromissão, mas está lendo por interesse próprio ou para algum curso?

- Na verdade estou lendo para meu curso de parapsicologia, mas não está tão interessante não... Eu queria mais é atingir meu ritual em breve.

- Ritual?

- É... desde pequena tenho essas visões, sabe? Escuto a música... Não é sempre não, às vezes... Então eu sei do ritual e queria muito poder experimentá-lo....

Eu acabei não descendo na Luz. Desci na Tiradentes e deixei a conversa se extender por mais meia hora ainda.

Resumindo muito: ela é viúva. Tem filhos. Começou cinco faculdades (enfermagem, odontologia, ciências sociais, psicologia e uma outra que não lembro), mas não terminou nenhuma. Ficou em um manicômio um tempo no início dos anos noventa, por insistência do marido. Viu a companheira de quarto enforcar-se. Está atualmente fazendo um curso de parapsicologia e o padre que ministra o curso insiste que ela tenha o acompanhamento de um psiquiatra. Ela está apaixonada pelo padre e está triste porque ele não lê os textos que ela entrega, não se mostra profundamente interessado. Ela fala deste ritual, que vê desde pequena... É, o sonho dela é deitar numa mesa com um monte de gente em volta e deixar que alguém tire seu coração do peito com uma faca, literalmente, porque ela já viveu tudo nessa vida e a existência lhe é um peso muito grande. Ela tem certeza de que o padre sabe do ritual mas está escondendo dela. Ela queria assistir algumas sessões e depois se ofertar... Ela me explicou coisas sobre Jesus também, que "com certeza" participava desses rituais porque não admitiria a putrefação do corpo. Veja só... Ah, a mãe dela foi excomungada, sei lá porque. E ela disse também que era filha de mãe virgem, e que também por isso deveria ser ofertada aos céus, não era justo deixar sua vida se consumir sem sentido depois de tantos anos ajudando os outros. É, parece que ela trabalhou boa parte da vida em hospitais e etc...

Depois de uns vinte trens perdidos, levantei-me declarando estar atrasado, disse para ela esquecer o padre por quem está apaixonada e ir para Israel com a filha (que está indo pra lá e a está convidando). Entrei no vagão com a porta já fechando.

E eu só queria conversar umas três ou quatro coisinhas sobre Voltaire, talvez nem tanto...

Sunday, December 02, 2007

Finalmente...


Hoje um pequeno passo foi dado em direção a um velho sonho, que estava num canto quietinho, só esperando...

Fiquei um pouco mais adulto hoje, com mil coisas passando pela cabeça...

Mas estou eufórico como uma criança!