Sunday, July 22, 2007

Pizzaria do Gordo


De tempos em tempos entregam esses panfletos de pizzarias aqui em casa... Esse último tem lá suas peculiaridades notáveis:

Logo na primeira folha, um anúncio enorme: "TODAS AS PIZZAS APENAS r$11,00". Você abre o panfleto e ao lado de todas as pizzas está o valor, R$11,00. Até aí tudo bem, sempre vale reforçar a informação. Mas é que eles parecem gostar mesmo dessa coisa de reforçar a informação.

Pizza 09 - Calamusa - Molho de tomate, calabresa fatiada, cebola, mussarela e cebola.

Tem uns nomes lá meio diferentes também... a pizza 11 por exemplo... "Pega Lulu".

E, para finalizar, o serviço de entrega...

Tocou a campainha. Peguei o dinheiro e a chave e fui até o portão.

Entrego o dinheiro.

O entregador me passa a pizza.

Pego a pizza.

O entregador me passa o troco.

Aceito o troco, e nisso o entregador pega a pizza das minhas mãos e faz menção de guardá-la de volta!!! (como se o troco fosse na verdade o pagamento dele e eu fosse o entregador...)

Pergunto casualmente: "você vai devolver?", e então ele se dá conta do que estava fazendo...

Pizzaria do Gordo!

Num lugar alto

Vou lá, sozinho, e fico olhando o horizonte por um tempo. O Sol se escondendo rápido sob o horizonte. Daí todo o resto é lembrança, é alguma sensação aflorando e se escondendo...

Casa cheia. Crianças, visitas, amigos, parentes... Um contraste enorme com esse silêncio perene aqui de casa normalmente só quebrado pelas minhas violências ritmicas à bateria, pelas minhas cantorias sem público e fora de hora ou pelo dueto de crise familiar entre minha mãe e minha tia.

Casa cheia. Crianças, visitas, amigos, parentes... Escuta-se risadas. Histórias. Comentários de coisas triviais. Alguma picuinha aqui e ali, resolvida com duas ironias e mais três risadas normalmente. A dinâmica toda indescritível entre a criança buscando um lugar aos assuntos adultos e os adultos tentando separar um tempo para o mundo criança. Casa cheia...

Aprendi a gostar dessas coisas de um jeito que nem imaginaria alguns meses atrás.

É engraçado como as histórias evoluem... não passamos por nada que não nos deixe marcas, embora muitas vezes ignoramos ou neguemos esses arranhões da experiência. Mas às vezes é evidente demais.

O Sol se esconde rápido demais e parece levar com ele parte desses devaneios. Caio em mim e, pela primeira vez em muito tempo, essa solidão reflexiva que sempre me pareceu acolhedora por me proteger do caos incontrolável das imperfeições familiares teve um sabor de ser simplesmente... ...solidão, só.

Saudade.

Alguns grifos...



O livro: Auto-Engano
O autor: Eduardo Giannetti
A editora: Companhia de Bolso

Os grifos...

É apenas na lógica, não na vida, que contradições não podem existir.
pg. 46

A condição humana não comporta demasiado autoconhecimento.
pg. 63

cansa sentir quando se pensa.
pg. 97

Dúvidas não mentem.
pg. 106
amar igualmente a todos equivale a não amar ninguém. Distribuir o amor de forma rigorosamente igualitária significa destruí-lo.
pg. 109

Quem é capaz de garantir de antemão que uma promessa será cumprida? O simples fato de que uma promessa precisou ser feita é sintomático.
pg. 131

E a seleção de algumas das melhores expressões que despontam aqui e ali ao longo do livro:

  • cadáver adiado (pg. 65)
  • poder do empuxo lacrimal (pg. 120)

Tá recomendada a leitura.

Consegui!


No total, algo em torno de 35 e 40 quilômetros. É bastante. Não é minha maior distância pedalada, mas certamente é minha maior distância pedalada em São Paulo e em trajetos envolvendo subidas e descidas. Todos os meus recordes anteriores foram pedalando na praia, onde a coisa é relativamente mais simples.

Infelizmente a conclusão geral da viagem é que nossa cidade é totalmente inadequada a esse tipo de empreitada; é simplesmente perigoso demais na maior parte do trecho... Nas estradas muitas vezes não há acostamento para permitir uma separação segura dos carros, nas avenidas a largura das faixas mal atende a necessidade dos carros. Precisa-se então de muito sangue-frio para tornar o passeio seguro decidindo, inúmeras vezes, simplesmente parar e ficar aguardando o trânsito ser mais favorável. Precaução é tudo.

Estou contente de ter conseguido a empreitada e sinto que o acaso gosta também de honrar estes meus feitos. Ao longo do caminho fui encontrando pessoas que não via há anos e que só encontro em situações assim... em escadas de metrô, em ruas aleatórias... Tenho o telefone e endereço e esses métodos convencionais nunca funcionam!

Também estou muito contente por ver que não estou tão fora de forma quanto as primeiras pedaladas após a reforma da bike me fizeram pensar. Mas também não estou assim nos meus melhores dias, afinal a empreitada acabou esgotando todas as minhas forças para os eventos do resto do dia; uma pena...

Thursday, July 19, 2007

Mundo High Tech

Essa coisa de bina em tudo o que é telefone tem algo de inconveniente, às vezes...


Notas explicativas dos balanços orçamentários (ou como se fosse!): Surpresa é surpresa ué... e se uma surpresa falha é sempre bom que a falha passe totalmente desapercebida para que em uma próxima oportunidade a idéia ainda guarde todo o impacto de surpresa inesperada. Ou ao menos é o meu jeito...

Pela Paulista

Eu andava pela Avenida Paulista olhando as vitrines, olhando os detalhes da calçada... Olhando o horizonte. E vez ou outra olhando as pessoas, desviando delas. Olhando os rostos. Olhando os olhares. Passei por um moço que tocava violino em busca de algumas moedas. Tocava mal, mesmo para ser um tocador de rua. Desprezei sua musicalidade pensando que ele deveria estar pedindo moedas em algum outro lugar, com aquele som, e me perdi em pensamentos inúteis sobre a geografia da mendigagem. Os malabaristas de semáforo da Vila Olímpia e das proximidades da Av. Brasil são muito mais treinados e emperequetados do que os moleques aqui da Vila Prudente ou de algum canto insignificante da Av. do Estado. Fui ao cinema, lá no HSBC, ver um desses filmes que falam sobre coisas da vida sem precisar de hollywoodianismos explosivos e nos deixam com a sensação de que nos fizemos um pouquinho mais humanos ao descobrirmos todos aqueles sentimentos em nós. Assim já todo mais humano desviei do mendigo que se escondia do frio no chão quase à porta do cinema e fui ler a engraçada lousa com trechos de Dostoiévski clamando para os leitores deixarem Dan Brown pra lá por ser pura bobagem. Tiraria uma foto daquilo, para por no meu Blog, se tivesse a máquina... Na volta, com o andar já mais automatizado pelo treinamento de horas atrás, os pensamentos se permitiam voar longe, buscando saudades e heroísmos às vezes quase utópicos. A atenção colapsa de repente naquele instante presente: por pouco não atropelo o violinista, que estava agachado guardando seu instrumento... Desvio buscando esconder de todos que quase causara um constrangedor incidente alí, e ao desviar observo na parte interna da tampa do case de seu violino uma foto com uma mulher segurando ao colo um lindo bebê, ambos sorridentes e olhando apaixonados para quem tirou a foto. E aquelas notas mal tocadas que ressoaram de repente em minha memória ganharam uma espécie de cadência ritmica toda especial. E naquela noite ele não tocaria mais, e eu não teria mais a honra de deixar-lhe uma moeda.

Wednesday, July 18, 2007

E um documentário especial...

Depois do último post, não resisti... fui procurar o que mais sobre o ônibus espacial eu encontraria no YouTube fora os vídeos "triviais". Encontrei esse documentário.



1981... Não dá pra acreditar... O que eles tinham de computadores na época? E mesmo em termos de instalações experimentais... Não há, até hoje (que eu saiba), túnel de vento nenhum capaz de simular as condições de reentrada na atmosfera. Eles calcularam tudo "na unha" e confiaram no que fizeram. E acertaram.



E o final do documentário:

É um milagre!

Eu sou emotivo e fresco demais, ou será que realmente a aproximação e pouso de um ônibus espacial é algo que deve comover qualquer um? Já vi inúmeros vídeos de pousos filmados de fora, do chão ou de alguma aeronave próxima... Mas o vídeo mostrando a imagem do HUD ao longo dos quase sete minutos finais é simplesmente fora de série... Infelizmente não dá pra colocar o vídeo diretamente aqui no blog, mas não há nada contra deixarmos um LINK aqui. Enjoy it!

Friday, July 13, 2007

Fora de série!



Eu fui hoje no Teta Jazz Bar por causa desse vídeo aí em cima e de uns outros que achei no YouTube sobre o Alex Buck, o baterista...

Minha surpresa hoje: além da batera, Buck encara também os teclados, e sem ficar devendo nem um pouco em técnica!

Nota de rodapé:
Dos dois lugares que eu havia reservado, doei um para o amplificador do teclado. Pareceu-me conveniente e apropriado, dado o relativo aperto do ambiente. Enquanto eu trocava uma idéia com o amplificador pra ver se rolava algum clima, não pude deixar de ouvir a conversa da mesa ao lado:

- Iche! Vocês nem vão acreditar! Eu estava no metrô, e alguém vira pra mim e pergunta: ei, você não é de Descalvado?

Eu não pude ser discreto... virei-me imediatamente para esta mesa: Descalvado?!

Nota de rodapé 2:
O amplificador me ignorou.

Wednesday, July 11, 2007

Olhos fechados

Segurei-a pelo braço, apertei minha mão com força, olhei-a nos olhos. Ofendi. Praguejei. Amaldiçoei. Contei ao velho estes meus feitos, na espeçança de elevar-me em seu olhar. Aguardei os louvores; silêncio. E então, um conselho. Sábio, sereno, severo pela sobriedade de sua leviandade. Há palavras que sabem sangrar a consciência deixando os ouvidos ilesos.

Anos mais tarde, tento acessar dentro daquele olhar já distante algum pedaço de perdão, alguma idéia de paz. O Tempo é assim um juiz inexoravelmente perspicaz, honesto e justo quando se trata de condenar-nos pelo que fazemos contra nós mesmos. Fiquei ali, sem achar olhar nenhum mais... Só ouvindo os ecos de meu erros nunca mais corrigíveis.

Meus erros?! Fui consolado por todos em quem busquei alguma indignação e repulsa contra o pior de mim. Por todos, menos pelo velho... Que soube dizer, com suas irreproduzíveis palavras de falar à alma, que sim, eu errei... Mas a única coisa sensata e cabível a fazer é olhar esse erro buscando aprender e melhorar. Olhar pra frente... Na direção oposta a que eu estava olhando agora; justamente a direção em que mesmo aqueles olhos fechados se lembravam de mirar.

Eu encontrei todos os defeitos dela. Maximizei-os com quantas hipérboles deboxadas consegui improvisar. E agora são só as virtudes que eu vejo partir... Fico pensando se essa mudança de ótica é um auto-engano com que tento me ver já não tão duro.

E então olho tudo em volta e percebo que não vejo mais nada do mesmo jeito. As pessoas mudaram. Eu mudei?!

Saturday, July 07, 2007

Sempre ele!

"... O que se ganha facilmente se entrega facilmente. ..."

Karl Marx, em O 18 Brumário de Napoleão Bonaparte


Aos curiosos, texto completo aqui.