Wednesday, October 31, 2007

To change it


- E se você estivesse sozinho no deserto do Saara, e tirasse um único grão de areia do lugar? O que teria feito?

- Teria mudado o deserto.

Calma, calma... uma coisa por vez. =D

Fundamental


"unus quisque mavult credere, quam judicare"
Lúcio Aneo Sêneca

Ele tem toda a razão. Daí que são mais fortes os laços de convencimento e conforto do que aqueles que se tenta construir sobre um alicerce de fundamental liberdade. É mais forte o vínculo com o Pastor, a quem intenta-se seguir, que com o Mestre, que exige alcançá-lo e superá-lo para então libertar-se. Contabilize ainda que no segundo caso demanda-se mais esforço, também, não sendo portanto um caminho expontâneo.

Wednesday, October 24, 2007

Eu

Gosto de arrombar portas. De entrar onde não devia. Infelizmente acho que não escolho a hora certa pra fazer isso; é maior que eu, é um certo desespero querer saber o que se esconde por trás das fachadas. A boa notícas é a de que sempre encontro algo, não importa o que seja. Há profundidade no mundo. O mundo não é superficial. Já pensei que fosse. Já quis que fosse (por medo, e por preguiça também, pois isso facilitaria muito as coisas...), mas não é. O mundo ferve escondido por debaixo de cada calmaria que se vê. Ferve fora de controle. Mas é assim que é. Gosto de ver como as coisas funcionam. Sempre gostei. Gosto do gosto da verdade, do peso do expontâneo, do assombro do sincero e da verdade toda que há na saudade. Pena pelas portas arrombadas, é só uma certa falta de jeito mesmo.

Monday, October 22, 2007

A engenharia necessária


A conquista do espaço mexeu com minha imaginação de criança. O infinito. O infinito precisa ser abraçado, e sempre se poderá abraçar mais. Tanta coisa diferente, tanta possibilidade... Tão impressionante que uma forma de vida possa, de repente, pular pra fora de seu planeta e sair por aí... Um milagre da engenharia. Então, concluí, a engenharia é um milagre, a fonte de tudo, o foco primeiro das atenções, se as atenções forem bem dirigidas. A engenharia entende os átomos um por um e esculpe o aço às toneladas. Une a abstração dos números à vibração transônica de naves esbeltas.

A engenharia sonha sonhos que acontecem.

Mas cada vez mais, no dia-a-dia, o que escuto são histórias das coisas que não aconteceram. Que não aconteceram como deveriam. Que poderiam ter acontecido melhor. Que tinham tudo para ser, e não foram.

A engenharia faz milagres, mas é feita por pessoas.
O mundo precisa, de alguma forma, de uma engenharia de pessoas. Não falo de aviões e foguetes. Não estou mais preocupado com a conquista espacial ou qualquer coisa que inflame o imaginário infantil. As coisas do dia-a-dia mesmo. Educação, serviços, o relacionamento dos desconhecidos nas ruas e nos lugares. O mundo precisa de uma engenharia de pessoas. Como?

Outro dia, minha mãe na cozinha, minha tia no quintal... Uma lavava a louça, outra cuidava de roupas no tanque e do varal. Uma sugeriu que a louça deveria ser guardada de outro jeito, a outra protestou e considerou isso tudo uma invasão de sua individualidade. Seguiu-se uma discussão, com direito a gritos e a revisão profunda dos alicerces familiares. Um festival de desdém, de ofensas, de gritos...

Meia hora mais tarde, apenas o som das TV's, uma num quarto, outra na sala. Um carro bomba no Oriente médio é notícia, algumas pessoas morreram. Um protesto na sala: "Nossa, como o ser humano é capaz de fazer essas guerras, hein? Por que?"

Por alguns instantes, mergulhado nesse contexto, eu conseguia entender melhor os motivos das guerras do que os outros motivos. Senti meus pés pesados. Tem dessas coisas que se entende do começo ao fim, e que, no entanto, não fazem o menor sentido.


Como se faz essa engenharia de pessoas?

Sinto meus pés pesados.

Considerações indevidas no meio da insônia

Como ele pôde fazer aquilo?

Era só nisso que eu pensava, enquanto dizia coisas bobas e observava em meus braços aquelas mãos pequenas, aquele olhar curioso.



Sei que a pergunta não é correta, e que não é justo hoje que eu use isso contra ele da forma que for, mas como pôde? Assim como eu olhava agora esta pequena inocência que mal preenchia um de meus braços, segurava sua cabeça com cuidado para ela poder olhar os vários coloridos da casa, da mesma forma ele tivera cada um de nós três em seus braços um dia. Cantava para que dormíssemos, sei que fazia isso.

São os pensamentos errados, eu sei. Eu deveria ser mais responsável com as liberdades que dou à minha mente.

Como pôde?

Não é revolta, é espanto. E não é contra ele. Não é contra o mundo. É espanto com meus erros de julgamento. Eu não sei ainda qual é esse erro, exatamente. Acredito que amor verdadeiro é algo forte demais, que se for verdadeiro então arrancará forças sei lá de onde para combater os desafios que as incoerências da vida oferece. Será? Será mesmo? E, se for, existe alguém por acaso que ama assim?

E ela ali, em meus braços, tão pequena, tão alheia a tudo isso. Indefesa. Um dia vai crescer, vai se tornar uma pessoa forte, tenho certeza... Mas será que só por isso, por essa mudança, esse tipo especial de carinho que nos faz sentir some também?

Como pode?

Acredito que o amor é qualquer coisa que transpõe o instante presente e constrói em torno de si um algo qualquer que é inquebrável. Mais que isso: que não aceita a própria destruição, que se reconstrói sabe-se lá como cada vez que estilhaçado. Que é sincero, mas sincero de uma verdade além das aparências. Sincero pra dentro também.

Acredito em coisas demais. O que há de errado em ser simplesmente empirista e tomar o mundo apenas pelo que ele se mostra ser? São tantos os exemplos, tantas insistentes vezes em que as coisas se provam voláteis, desmancham à primeira brisa.

Um castelo de areia na praia pode ser toda a poesia do mundo, o milagre da existência e tudo o mais... Mas e quanto a poesia das ondas? As ondas existem também...

Talvez eu seja carente demais ao acreditar que é certa a Devoção louca que enforca o Egoísmo e o deixa imóvel em algum porão escuro. Talvez eu seja simplesmente um cego que não vê nem a verdade do mundo, nem a verdade em mim. Talvez eu seja apenas muito pouco prático para criar as coisas que sonho. Esmero excessivo. Talvez eu apenas tenha um estúpido medo traumático de todos os indícios da verdade de que o amor acaba, e é assim que é. Talvez eu esteja tentando me convencer a não ser mais apenas o melhor de mim porque o mundo é sempre o bom e o ruim também, nunca só uma coisa. Talvez eu só queira amar menos pra fora, porque esquecer de si é uma poesia comovente de ler mas impossível descrever.

Como pode?

Saturday, October 13, 2007

Educação, criatividade e futuro

Choice limit

Eloqüente, instigante, amplo... e guarda uma relação direta com a idéia da "crise-de-alocação-de-recursos".

Excepcional

Uma breve amostra da leitura de Extremamente alto & incrivelmente perto, de Jonathan Safran Foer (publicado pela Rocco):

"Ela disse que eu podia me sentar no sofá se quisesse, mas eu falei que não acreditava em couro e fiquei em pé."

Wednesday, October 10, 2007

O mundo é bom




A pergunta foi feita há muito tempo. Mas, profunda como é, não podia arriscar uma resposta assim de pronto, sem considerar rapidamente os infinitos aspectos do problema. Não tenho ainda uma demonstração completa, dessas que permitiriam a redação de um grande tratado... Mas tenho essa sensação: ainda que partindo de sua indiferente coleção de regras rígidas, o mundo dá lugar às visões pessoais como poderosas ferramentas de mudar o mundo. No fim, essa percepção de bom ou ruim dependerá de cada um, e é ao bem da verdade, na grande maioria das vezes, independente de fatores externos objetivos. Mas justamente por isso, por permitir a uma pessoa que o mundo lhe seja bom desde que ela tenha forças para acreditar nisso é que julgo ser o próprio mundo bom, e não só indiferente.


Não que por vezes os corações não sangrem. Não que não haja sorrisos rachados. Nem mesmo é preciso esquecer que existem vontades sufocadas, desejos incorretos, mentiras solitárias ou verdades enterradas. Mas à parte as ranhuras locais, o todo forma uma obra de beleza apreciável.


O mundo é bom, bom por permitir que busquemos o melhor de nós em nós mesmos.

Um brinde à perfeição


Quanto mais me envolvo com a engenharia, quanto mais longe vou neste ou naquele projeto, mais admiração tenho pelos grandes feitos dessa arte.
"The scientists explore what is, engineers create what has never been."
Theorore von Kármán (1881-1963)
Durante os primeiros dias da competiçaõ Aerodesign deste ano, enquanto eu estava lá em São José dos Campos tentando dar algum apoio psicológico à minha equipe (já que construção não é minha praia, infelizmente), observei alguns pousos e decolagens do 170 da Embraer. Não bastasse toda a lista sem fim de dados técnicos que já sem, composta apenas de números espantosos, havia ainda o... silêncio... Os antigos aviões guerreavam contra a atmosfera até convencê-la a ceder-lhes um lugar, à força mesmo. As máquinas de hoje parecem dançar com os elementos da natureza uma coreografia perfeita.

Tuesday, October 02, 2007

Otimismo realista e bem informado

"Não obstante a tudo isso, este é nosso mundo, isto somos nós, em nossa contraditória pluralidade, e é isto que temos de compreender, se for absolutamente necessário enfrentá-lo e superá-lo."

Manuel Castells, na introdução do segundo volume da épica tríade "A Era da Informação".

467

"Instrução Pública. - Nos grandes Estados a instrução pública será sempre, no melhor dos casos, medíocre, pelo mesmo motivo por que nas grandes cozinhas cozinha-se mediocremente."

Nietzsche, claro.

Poucas linhas que pensam tanta coisa sobre política e sobre a alma humana....

E vai saber onde é que o bigodudo andava indo almoçar nesses tempos, não é?