Monday, March 31, 2008

Mundo bizarro



O que vai ser da próxima vez? Hein? Xiitas invadem show de rock e o confronto é repentinamente impedido por saltimbancos nepaleses?

Friday, March 28, 2008

Um novo épico está chegando

Sugestão cultural do outro:

Wednesday, March 26, 2008

E-mails nossos de cada dia...

Ah, dessas conversas, eu ultimamente
Só pego mesmo é migalha

Até porque, francamente,
Agora que a Netsa trabalha,

Eu não fico mais tão contente
Como quando minha única falha

Era por e-mail perturbá-la o dia inteiro
Sem pudores, de janeiro a janeiro




E, minutos depois deste e-mail enviado, chega a genial resposta da Netsa:

Que desgosto o meu em admitir
que agora trabalho sem prazer
e com vontade de sumir

Tenho saudade sim
do tempo em que vadiava
numa zorra sem fim

Hoje, sinto-me só nessa imensidão
de papéis, planilhas e... é só mesmo a solidão!

Que vontatde de voltar no tempo
Quando as discussões eram saudáveis
e por muitas vezes memoráveis...

Nunca vou esquecer de tiradas como as do pinico
Que cravam em nossas memórias
Lembranças de rir até o cú fazer bico...

Só a falta de tesão e o tédio
Pra me fazer ficar tão criativa com ócio extinto e o ânimo médio...




E aí, pra completar a epidemia de inspiração malemolente, manifesta-se também o Renato:

Soneto do trabalhador invejoso

O dia assim vai passando
Entre o heroi e a heroina
que com seus poemas cômicos
nos salvam da labuta assassina

O dia assim vai passando
entre mouses e monitores
que a vista atenta vai cansando
desde empregados a supressores

Ai como eu queria em casa estar
Pra desfrutar de Losts e heroes
Que acabei de baixar

Mas um coisa é certa que chega
E isto não hão de roubar
É o fim de semana em meu lar doce lar

Autopoietico

Do site Reference.com,

Autopoiesis literally means "auto (self)-creation" (from the Greek: auto - αυτό for self- and poiesis - ποίησις for creation or production) and expresses a fundamental dialectic between structure and function.

Pois bem... eu estava lendo o paper Chaos and Pattern in Complex Systems, de Ben Goertzel... Interessante até. Mas...

Perdi a conta de quantas vezes li referências como

"Another possibility, suggested in Goertzel (1993a, 1993b,1994)...",

Até que chegamos ao ápice do provinciânico despotismo acadêmico:

"[...] developed collaboratively by the author and Gwen Goertzel, called the chaos language algorithm (CLA), and described in detail in Goertzel and Goertzel (1995)."

Sunday, March 23, 2008

Como engenheiros dobram camisetas?



Preciso fazer um desses pra mim....

Friday, March 21, 2008

A normal life



Ontem à noite não consegui dormir. Também, devo admitir, num dado momento desisti de tentar. Era melhor eu tomar fôlego para combater meu sono com muito mais momentum depois de umas horinhas inúteis pela madrugada. Assisti alguns episódios de Heroes, segunda temporada. Achei depois num blog por aí uma bem humorada síntese de alguns personagens, mas este não é o foco aqui. O que me chamou a atenção enquanto o sono não vinha foi pensar num ponto que, de uma forma ou de outra, é recorrente na série e afeta a vida de todos: a busca por uma vida normal.

O que diabos é uma vida normal? Segundo a mãe de Claire, num dos episódios, vida normal seria ela ir para a faculdade, se casar, ter uma casa... A série traz um mundo em que pessoas normais começam a se descobrir portadoras de super-poderes. Mas não custa muito para que essas pessoas comecem a sentir esses poderes como um fardo. O policial que tenta usar sua habilidade de ouvir pensamentos para desvendar casos complicados se atrapalha, perde o emprego e a mulher. Outros que rapidamente são tomados pelo desejo de "salvar o mundo" com seus super-poderes (não importando muito a identificação de uma precisa ameaça para que esse desejo se instale) acabam de uma forma ou de outra se transmutando na própria ameaça. É curioso que o único personagem que não hesita nem por um instante em aceitar o destino da diferenciação mutante - pelo contrário, a deseja com todo o fervor - é o grande vilão da série: Sylar. Ter super-poderes priva as pessoas de uma vida normal, esta desejável pela paz que lhe é inerente. Desejar ter super poderes passa a ser uma espécie de egoísmo exacerbado que só poderia levar ao mau-caratismo.

Outra coisa curiosíssima é a postura do Takenzo Kensei, que séculos depois se torna Adam. Ele conheceu o mundo antes da Revolução Industrial. Viu duas guerras mundiais, epidemias, fome, aquecimento global, poluição e explosão urbana em todos os cantos. Ao contrário do desejo egoísta de Sylar, Tanekzo Kensei é um vilão do tipo "altruísta". Está tomado pela idéia de que eliminar a humanidade da superfície da Terra é a única coisa boa que pode ser feita ao planeta. No lugar dele, depois de perambular quatrocentos anos por aí vendo tudo isso, quantos pensariam da mesma forma?

Assombroso é que, migrando cada vez mais para o mundo de fora do seriado, as duas coisas se entrelacem tão fortemente: os problemas que tanto desprezo inspiraram no coração de Takenzo Kensei têm uma ligação íntima com a busca obcecada por uma "vida normal". Podemos ver geleiras derretendo na televisão e praias devastadas por um vazamento de petróleo, mas quantos diante dessas imagens sentem qualquer impulso de se livrar do próprio carro e explorar formas de vida que demandem menos energia? Somos presos à esta "vida normal" e nos é consideravelmente alheia a anomalia agregada dessas normalidades amontoadas. Na vida real a inexistência de super-poderes na esfera individual cria a coerência necessária para ações conjuntas que produzem super-poderes no nível do coletivo. Mãos nucleares, cura ilimitada, voo ou telecinese, isso parece se aprender a controlar depois de pouco tempo de prática, caso ocorra. Agora os assombrosos super-poderes da vida normal, este ainda estão fora de controle.

Tuesday, March 18, 2008

Newton prodígio



O modelo heliocêntrico já era aceito na época de Newton. Pela primeira lei de Kepler, sabia-se que a as órbitas planetárias eram elípticas. Alguns cientistas desconfiavam que a força gravitacional, que mantém um planeta em órbita, variava com o inverso do quadrado da distância com relação ao Sol. Dentre esses cientistas, estavam E. Halley (1656-1742) e Hooke. Um pouco sobre a obra desses dois. Existiam registros da passagem de cometas em 1456, 1531 e 1607. Halley observou um cometa em 1682 e ficou famoso por concluir, corretamente, que todas essas observações referiam-se a sucessivos retornos de um mesmo cometa de trajetória elíptica e período orbital de 75 aos. Sua previsão de que o cometa voltaria em 1758 se confirmou. Hooke é o inventor do microscópio e autor da lei F = -kx, proposta em 1676, que relaciona a variação x do comprimento de uma mola, de constante elástica k, com a magnitude da força restauradora F. Ambos, apesar de tentarem, não conseguiram deduzir a forma das órbitas percorridas pelos planetas, a partir da suposta lei da atração gravitacional. C. Wren (1632-1723), astrônomo e médico, ganhou fama ao planejar a reconstrução de Londres após o incêndio de 1666. Ele ofereceu um livro para quem apresentasse uma demonstração convincente das leis de Kepler, num prazo de dois meses; mas ninguém levou o prêmio.

Num dia de 1684, Halley foi visitar Newton e lhe perguntou, sem explicar seus motivos: "qual seria a curva descrita por um planeta, se a força de atração (gravitacional) variasse com o inverso do quadrado da distância com relação ao Sol?" Newton respondeu rapidamente: "uma elipse". Halley perguntou: "por que?". Newton retrucou: "eu calculei!".

Sistemas Dinâmicos
Luiz Henrique Alves Monteiro
Editora Livraria da Física

Milênios de civilização...

Veja o filme em velocidade rápida: uma bolinha de pedra girando em torno do Sol esfria, surgem uns bichos estranhos, até que um desses bichos começa a olhar pra fora, a olhar para as coisas ao seu redor, até que um belo diz exclama: "putz! saquei!", e começa a entender as regras do Universo.

Agora pense no vídeo abaixo, onde o astronauta D. R. Scott solta, na Lua, uma pena e um martelo para mostrar que os dois caem ao mesmo tempo. É sempre possível menosprezar essa missão como uma perda de tempo ou como um luxo desnecessário. Gastar um tempo na Lua, onde se chegou graças ao investimento de milhões de dólares, trabalho de milhares de pessoas e na dependência de uma ciência que precisou de séculos das melhores mentes da humanidade, para soltar um martelo e uma pena, filmar, voltar pra casa e mostrar às pessoas: "viram só? não é legal?".

Adepto fervoroso do esculacho desmedido, não vou repremir a esculhambação deste vídeo. Mas de modo algum as risadas satíricas podem ofuscar por completo o outro lado da história: a interpretação nascida de uma visão quase poética consequente de uma visão de longo prazo, associada mais ao "filme acelerado" de que falamos do que aos pormenores deste momento histórico específico. Ainda que só um punhado de gente tenha ido lá, dentre os bilhões que somos, trata-se sim da humanidade, e não dos astronautas, e não dos EUA. Trata-se de nossa espécie. Trata-se da Vida aprendendo a engatinhar e um rochedo a outro nesta escuridão fria. E, como em toda infância, o que mais agrada é brincar com as coisas e tentar descobrir como o mundo funciona...

Monday, March 17, 2008

Tempo, mente e ser


Escolher é eleger um futuro imaginado no presente vivido. A escolha, quando ela existe, é sempre entre pensamentos, nunca entre os fatos.

Vícios privados, benefícios públicos? - A ética na riqueza das nações
Eduardo Giannetti
Companhia de Bolso

Thursday, March 13, 2008

Felicidade



"Os seguidores de Epimeteu", pondera o filósofo, "são improvidentes, pouco vêem à sua frente e preferem aquilo que seja aprazível no presente; daí que vivam oprimidos por numerosos apertos, estorvos e calamidades contra os quais batalham de modo quase contínuo. Nos intervalos, contudo, eles satisfazem a sua índole e, por falta de um melhor conhecimento das coisas, alimentam a sua alma com esperanças vãs e se deleitam e suavizam as misérias da vida como que imersos em sonhos prazenteiros. Já os seguidores de Prometeu são homens prudentes e ressabiados, que miram o futuro e que, cheos de cautela, antecipam e privinem muitas calamidades e infortúitos. Ocorre, porém, que essa índole alerta e providente vai escoltada pela privação de numerosos prazeres e pela perda de diversas delícias, visto que tais homens sonegam a si próprios o desfrute até mesmo de coisas inocentes e, o que é ainda pior, eles se torturam e dilaceram com cuidados, temores e inquietações, ficando assim amarrados ao pilar da necessidade e atormentados por um sem-número de pensamentos que ferem, rasgam e esburacam sem cessar o seu fígado ou mente."

...

Pergunte-se a si próprio se você é feliz e você deixa de sê-lo. (John Stuart Mill em sua Autobiography)

...

Em termos de distribuição de renda, o mundo é um lugar mais desigual do que o mais desigual lugar do mundo.


Penso em vários conhecidos que são mais ao estilo de Epimeteu e outros tantos, mais numerosos na verdade, ao estilo de Prometeu. Eu sou definitivamente ao estilo de Epimeteu com lapsos de desesperos prometenianos.

Há, é claro, muito mais o que comentar sobre mais este fantástico livro do Giannetti,
Felicidade, mas fica pra depois. Por hora, a referência:

Felicidade
Eduardo Giannetti
Cia das Letras

Rock pesado...



Sugestões noturnas de uma pessoa pra quem eu deixo de reservar o tempo que lhe é devido, mas que ainda assim separa um tempinho pra mim... (tô em dívida!)

Wednesday, March 12, 2008

Toward chaos

Modern life has taught us that both nature and humankind are more complicated than the dialectical notions of the nineteenth century supposed.

Raskin, M. G., Reconstruction and its knowledge methods.

Conversa de bar

Marx:
- Fala aí camarada! Que anda fazendo de bom?

Rousseau:
- Ixe meu velho, estou enrascado! Cinco filhos, não sei o que fazer com eles!

Calígula:
- Aceita uma sugestão?

Kant:
- Minha nossa! Você não está sugerindo isso? Não pode ser verdade, não pode!

Nietzsche:
- Claro que pode! Por que não poderia?

Marx:
- Ora, deixem de bobagens camaradas! O que vão fazer final de semana? A gente bem que podia ir bater uma bolinha, que tal?

Rousseau:
- Maravilha! E uma fejuca depois! Certeza! Você vai estar lá, Kant?

Kant:
- Hum... não estou bem certo quanto a isso. E você Nietzsche, pode ir?

Nietzsche:
- Poder, não posso... mas até tenho vontade de poder! Quem sabe, né?

Calígula:
- Garçon! Mais uma aqui pra mesa!

Aula de Engenharia Econômica na USP

[O Professor]
E então gente, quem já chegou na resposta?
...
...
Ninguém? Vamos lá! Não vamos perder tempo não! Produtividade! Vocês estão aqui com um custo alto pra sociedade! É a sociedade que paga vocês aqui dentro e eu fico preocupado em não desperdiçar este investimento todo, certo?

[O idiota atrás de mim]
A sociedade que se foda!

Friday, March 07, 2008

Análise combinatória


"The most recently evolved outer corrugated mantle of the human brain, the cerebral cortex, contains about 30 billion neurons and 1 million billion connections, or synapses. If we counted one synapse per second, we would not finnish counting for 32 million years. If we considered the number of possible neural circuits, we would be dealing with hyperastronomical numbers: 10 followed by at least a million zeros. (There are 10 followed by 79 zeros, give or take a few, of particles in the known universe)"


Esse trecho é assombroso. Talvez esse seja o "conjunto solução" mais interessante que existe: o conjunto de todos os cérebros possíveis. Efetivamente, para todos os efeitos práticos, esse é o conjunto que diz inclusive quantos universos existem. Claro que, no meio de uma combinatória tão grande, a esmagadora maioria desse espaço abstrato deve se referir a cérebros realmente bizarros e, inclusive, biologicamente inviáveis. Ainda assim, não há porque imaginar que o subconjunto dos cérebros possíveis "biologicamente viáveis e que se sabem humanos" não é ainda absurdamente gigante. Trata-se de todas as personalidades possíveis. De todas as memórias possíveis. De todos os sentimentos religiosos possíveis. De todas as teorías científicas imagináveis. De todas as idéias artísticas concebíveis. De todas as lembranças prazerosas ou traumáticas imagináveis. De todos os crimes concebíveis. De todas as diferentes formas de impulso altruísta. É assombroso pensar que exista um número "limitando" esse espaço solução, de alguma forma, e ao mesmo tempo é extremamente coerente e reconfortante que esse número seja tão imenso que faça até o número de partículas contidas no universo parecer um punhadinho de nada.
  • O livro:

Consciousness - How matter becomes imagination
Gerald M. Edelman
Giulio Tononi
Penguim books

Aleatoriedade nossa de cada dia

Discutiam ao lado do ônibus, perdidos, olhando um mapa. Giravam, apontavam, e não concluiam nada. Tentei ajudar. Um francês e uma colombiana que vivem an França. Descobri onde iam e, por coincidência dos caminhos, ofereci a eles um espaço na carona que me era oferecida por uma amiga. Fomos até Próximo a FNAC Pinheiros e, por pouco, não levo a estrangeirada pra dançar Zouk também. Infelizmente não fiquei muito tempo no Zouk porque minha amiga tá na maior correria no serviço e terá que acordar cedo. Em tempo: eu não entendo inglês, nem um pouco, quando falado por um francês...

Wednesday, March 05, 2008

Em resumo...

  • Eu ainda não aprendi a me controlar devidamente em certas situações... Ou talvez eu exija demais de mim mesmo e o negócio é simplesmente evitar a exposição ao desnecessário.
  • Saí com meu pai no fim do dia. Ele está em São Paulo. A idéia inicial era ver um filme ou algo assim, mas minha irmã teria aula até as 20 hrs e, para que ela pudesse nos encontrar depois, ficamos andando pela Paulista. Melhor assim... Fui atrás do que eu queria: avaliar opções de celulares pós-pagos... Depois fomos passear na Livraria Cultura. Jantamos todos juntos e nos discontraímos.
  • No serviço, ajudei o pessoal a tirar um eixo enorme de dentro do Túnel de Cavitação. Aquilo é bem pesado... uma baita peça de aço. E não é que eles resolvem me deixar segurando aquilo "na mão" enquanto tiram o cabo da ponte rolante e vão buscar uns cavaletes? "Olha, voltem até 2009, pelo amor de deus, ou juro que solto isso!"
  • Acho que estou ficando cansado e até revoltado com meu lado ético ou politicamente correto. Isso porque em inúmeras situações essa faceta adrianesca me emudece, e eu dei pra odiar emudecimentos. É tão bom falar o que se pensa, e em geral eu gosto de soltar comentários quaisquer mesmo... É isso aí. Sem paciência pra ser politicamente correto, cautelosamente ponderado ou qualquer derivativo assemelhado.

Das notícias do dia

  • Uma adolescente de 16 anos. Já tem um filho de 2 anos. O bairro: Mooca. A mãe: vive em depressão. Numa crise da mãe, a filha chama uma ambulância mas decide sair para buscar ajuda. Atropela uma velha de 70 anos, arrastando-a por 15 metros e ainda derrubando um portão.
  • O taxista Alberto dos Santos disse ao Jornal da Tarde que há três anos levava vinte minutos para atravessar a avenida Pompéia, e que hoje o mesmo percurso consome uma hora. E daqui a dez anos hein? Façam suas apostas...
  • Frase aleatória: "Se Deus é mesmo onisciente, só pode ser ateu!"
  • Horóscopo taurino do dia: "você se exalta emocionalmente". Sou cético também, esqueceram de anotar ali...

Ritual

Escrevi algumas páginas. Imprimi tudo. Queimei e deixei as cinzas serem levadas ao vento. Fazia tanto tempo que eu não escrevi assim...

Deveria ser fácil assim com tudo. Por que só certas cinzas voam pra longe?

Eu às vezes faço o que sinto vontade de fazer.

E às vezes faço o que entendo ser certo, apesar de tudo.

Esses dois Adrianos diferentes deveriam guerrear em campo aberto e se materem, pois causam problemas demais um ao outro...

Monday, March 03, 2008

Fadiga: idéias iniciais



O estudo dos problemas ligados à fadiga dos materiais é recente e foi amplamente impulsionado pelos problemas que a indústria aeronáutica viveu ao colocar em operação os primeiros aviões a jato. Por voarem em grandes altitudes, estes são pressurizados. Durante uma operação normal, a aeronave decola e ao subir vai pressurizando a cabine, colocando toda a fuselagem sob intensas tensões. Em seguida o avião desce, a pressão externa iguala-se novamente à pressão interna e portanto desaparecem as tensões. Está aí o ingrediente principal para um problema de fadiga: esforço cíclico. Some-se a isso um problema de design das primeiras aeronaves: geometrias que levam a concentração de tensão, como os cantos vivos das janelas (ver foto acima) e pronto, estão à mesa os ingredientes para enormes acidentes.

O estudo da fadiga produz, para uso na engenharia, as famosas curvas SN. Nada mais são do que gráficos relacionando uma amplitude de tensão a que um corpo está sujeito ciclicamente ao número de ciclos necessário para que ocorre uma falha catastrófica. São gráficos obtidos de forma completamente empírica: submete-se um corpo de provas a um carregamento ciclico e conta-se quantos vais e vens são necessários até sua quebra.



Um dos grandes problemas com as curvas SN é que raramente as estruturas reais estão submetidas exatamente ao mesmo tipo de carregamento empregado nos experimentos que construiram o gráfico. Enquanto um corpo de provas é submetido sempre a um mesmo esforço, muito bem definido, uma estrutural real está sujeita a um espectro de estados de tensão muito diverso e complexo.

Fadiga é um problema traiçoeiro. Não se nota o seu desenvolvimento até que já esteja em estágios avançados e expondo a estrutura a considerável risco de falha. Por isso, muitas considerações de projeto são feitas buscando contornar o problema. Aeronaves modernas, por exemplo, são montadas com estruturas rebitadas visando, dentre outras coisas, impedir a propagação de trincas entre peças por meio da quebra da continuidade do material.

Dentre técnicas em desenvolvimento para a identificação de problemas de fadiga (presença de trincas e falhas microscópicas), investiga-se as alterações na rigidez estrutural e análises de freqüência estrutural (itens interdependentes).

Ah, não aguento mais!!



Ah! Meu cérebro vai fritar! Que horrível! Que piada de mal gosto! Que insuportável!

. . . :(

Sunday, March 02, 2008

Veja essa



" A concentração dos veículos de comunicação nas mãos de poucos grupos, ainda que nacionais, é a marca da história da mídia no Brasil. O grupo Abril não foge à regra. Ele abarca um complexo que envolve 90 revistas, duas editoras de livros (Ática e Scipione), uma rede de TV (MTV), uma de TV a cabo (TVA) e uma rede de distribuição de revistas em banca de jornal (Dinap), além de inúmeras páginas na internet. Tem sete das dez revistas com maior tiragem no país e, nesse quesito, Veja é a quarta maior do mundo. "

O trecho acima foi retirado de um dossiê sobre a Revista Veja e sua atuação no jornalismo brasileiro. A idéia geral é conhecida de todos, mas os detalhes dos ataques à Veja impressionam. Em particular me salta aos olhos so comentários dos jornalistas "ex-Veja", espalhados pelo dossiê. Vale uma olhada...

Aos curiosos: Geologia!



O link: Planet Earth and the New Geociences

O site é muito completo. São 16 capítulos com muitas ilustrações sobre os mais diversos tópicos ligados às ciências da Terra. Um desses ótimos achados que a insônia me proporciona quando aliada à repulsa pela introspecção auto-fagocitótica fora de hora...

Sociologia Fuzzy



Ando pela cidade com minha mochila nas costas. Não que ali estejam os livros que preciso estudar para a faculdade, ou algum material do meu trabalho, ou quem sabe ainda trajes esportivos para frequentar uma academia. Ali levo alguns livros, suficientemente diferentes entre si, para que os tempos de espera compulsória por ônibus, metrô e trens a que esta megalópole me submete possam ser convertido em prazerosas distrações. É essa a principal função da minha mochila. Fora isso ela se presta a transportar uma escova de dentes e uma agenda telefônica, mas são funções menores.

Não existe um padrão bem definido para os livros que ocupam minha mochila. Crônicas, economia, sociologia, engenharia, comédia, teatro... Vai de tudo. Nesta semana dividiam espaço um livro do Eduardo Giannetti, “Vícios privados, benefícios públicos?”, e um compêndio de aforismos diversos de Oscar Wilde, que comprei nessas máquinas de livro que espalharam pelas estações de metrô.

O delicioso texto de Giannetti faz uma completa, ainda que sucinta, revisão das mais diversas correntes filosóficas que se preocuparam em relacionar a natureza moral humana à estrutura da sociedade como um todo, evoluindo para lidar com a complicada questão da relação entre a ética pessoal e o desempenho coletivo. O livro de Wilde é composto por inúmeros recortes de diversos trabalhos, repleto de comentários irônicos que olham com um microscópio para as mais diversas incoerências humanas, retirando mesquinhices debaixo do tapete e admirando-as com a frieza apaixonada de uma naturalista que documenta absolutamente tudo o que encontra pela frente.

Lendo o texto de Giannetti relembrei meus poucos dias na faculdade de Ciências Sociais, dos contatos iniciais com os trabalhos de Rousseau, Aristóteles, Maquiavel, Hobbes... Fosse quem fosse, eles pareciam seguir uma receita inicial comum: desenhavam um modelo idealizado em resposta à pergunta: “o que é o homem?”, e uma vez de posse desse modelo esmiuçavam-no às últimas conseqüências. Trabalhando assim, fica difícil identificar um erro em qualquer um desses autores dadas as premissas inicias em cima das quais trabalham. A questão é: quem acertou sobre o modelo humano?

Oscar Wilde joga um balde de água fria em todo mundo: “Só existe uma certeza definitiva sobre a natureza humana, ela muda.”

É isso! Os autores clássicos estão todos corretos em cima das premissas que escolheram para trabalhar. Mas nenhum deles trabalhou em cima de premissas corretas o suficiente. Entender o mundo exige simplificar a realidade, mas muitas vezes no processo de simplificação deixamos de lado complexidades fundamentais à construção da explicação que nos interessa.

Ao observar sistemas complexos compostos por inúmeros elementos cada um ainda portador de uma complexidade intratável em seus detalhes, é natural buscar simplificações exageradas. Boa parte da história da ciência pode talvez ser resumida como uma constante calibração dos aspectos a incluir ou excluir na modelagem do mundo. Mas embora se preste a várias funções, creio que a modelagem da sociedade como formada a partir de um ser-humano-padrão não pode ir realmente longe demais. Explica possibilidades extremas, mas não dá conta de se aproximar de um entendimento real das constantes dinâmicas de mudanças. É algo como tentar entender o clima da Terra imaginando que ela está ou totalmente imersa em luz solar ou totalmente mergulhada na fria escuridão noturna.

Aguardo ansioso por terminar essas leituras correntes e trocar os habitantes da mochila. Está há tempos na estante de casa o volumoso trabalho de Bernard Lahire, que vai atrás justamente do caminho indicado por Wilde: pesquisa não só a variação de cultura dentro de uma mesma sociedade, mas tenta escancarar a dinâmica cultural intraindividual, ou seja, as enormes diferenças de cultura em uma mesma pessoa, ao longo do tempo ou como função de mudanças de ambiente social.

As dicas:
Vícios privados, benefícios públicos?
Eduardo Giannetti
Companhia de Bolso

Aforismos
Oscar Wilde
Landy Editora - Coleção Novos Caminhos

A cultura dos indivíduos
Bernard Lahire
Artmed Editora