Tuesday, April 29, 2008

Glossário

Para meus queridos amigos que não entenderam nada do meu e-mail, aqui vai o glossário:

Aberratio ictus: ato que, dirigido à alguém, atinge indiretamente a terceiro.
Accidentalia negotii: negócios acidentais.
Citra petita: aquém do pedido.
Eventus damni: evento do dano
Ex positis: do exposto.
Ex professo: de forma magistral.
Ex proprio iure: por direito próprio.
In absentia: na ausência.
In limine: no começo.
Iter criminis: itinerário do crime.
Iura in re aliena: direitos sobre coisa alheia.
Iura: direitos.
Iure et facto: por direito e de fato.

Para quem ficou curioso, links interessantes:

Pequeno dicionário jurídico de expressões latinas

Expressões em Latim

Jornais pelo mundo.

Para acessar uma lista enorme de jornais de todos os cantos do mundo, basta entrar neste site aqui.

Monday, April 28, 2008

Incidente e desespero

Depois de uma noite não dormida e uma manhã letargicamente sonâmbula, resolvi não me render aos meus desânimos tempestuosos e fui pra USP. Ainda na estação da Luz aconteceu algo inusitado.

Uma senhora, que segurava no colo seu neto de não mais que dois anos, caiu no vão entre o trem e a plataforma. Isso mesmo... O trem ainda estava lá, parado, portas abertas. Cheguei mais perto e a primeira coisa que vi é que havia espaço de sobra para o trem poder começar a andar sem trazer nenhum risco à senhora e à criança, então comecei a falar pra ela ficar calma. As pessoas ao redor estavam desesperadas, e não parecia ser muito fácil contê-las. Então tirei a criança, pois ela passava com tanta folga no vão que ainda que o trem partisse, não haveria risco.

Finalmente, com as portas do trem ainda abertas (ainda bem que o trem fica parado um tempão na Estação da Luz, que é o fim da linha), tiramos a senhora.

O desespero em que a mãe da criança se encontrava é indescritível.

CURIOSIDADE ALEATÓRIA: Procurando alguma foto para este post, acabei achando uma reportagem bem interessante.

Sunday, April 27, 2008

Maldito Orkut

Oroscopo del giorno: L'unico bene è la conoscenza e l'unico male l'ignoranza

Wednesday, April 23, 2008

Que barato

Quem disse que demolições são todas iguais?

Veja o vídeo abaixo e diga se os caras que cuidaram do assunto não são mesmo espirituosos!

Curiosidades do mundo



Sim. Na foto acima vemos um antigo forte marítimo convertido a resort. Impressionante? E que tal uma plataforma de petróleo convertida a forte? E que tal descobrir o que acontece com todo o aparato tecnológico da antiga União Soviética nos dias atuais? E você já se perguntou quantas coisas grandiosas - prédios, fábricas, etc - há abandonados pelos Estados Unidos?

Pois bem... Abaixo, alguns links para matar a curiosidade:

Creatively Converted Sea Forts of Great Britain

Abandoned Wonders of the Former Soviet Union

Amazing American Abandonments

E muito mais no WebUrbanist.com.

Impressionante

Eu já era encantado pela música, por todas as vezes que a ouvira de gravações em geral, e pela ocasião em que vi a dois metros um competente músico argentino, cujo nome infelizmente não lembro, ensaiando toda uma apresentação... Mas hoje fui ver a dança. Estou empolgado. Não sei se ver os vídeos abaixo dá uma idéia adequada do que é ver isso AO VIVO...



E mais um pouco de Eva Yerbabuena:

Sunday, April 20, 2008

Dia agitado

Fui dormir no meio da madrugada porque estávamos tocando blues na sala e fazendo versões bossa nova de alguns reages meio agitados. Acordei tarde e não deu tempo de colocar nada em ordem porque tinha o aniversário da minha prima, que eu não perderia por nada. Estávamos cantando alegremente, aí um parente morreu. Não no aniversário, num hospital qualquer. Aí os familiares começaram a se dividir e organizar, mas eu já tinha minha festa Trash marcada para à noite. Que foi desmarcada porque uns amigos chatos não voltaram de Atibaia. Então vou no cinema com quem ficou por aqui. Mas antes tenho que ensinar minha mãe a colocar o celular pra despertar bem cedo, pra não perder o enterro amanhã. E tenho que arrumar minha escrivaninha também.

Friday, April 18, 2008

Tô frito

Quote of the day:

"Men are not prisoners of fate, but only prisoners of their own minds."
Franklin D. Roosevelt

Wednesday, April 16, 2008

O que deu nos gatos?


Gatos são conhecidos pela sua independência e uma certa apatia. Sucintamente, gatos são bixanos que "ficam na deles". Mas algo acontece com alguns gatos desta cidade, não é possível...

Ontem eu dormi no ônibus. Deveria descer na Av. Paulista mas dormi e passei reto, Consolação adiante. Tudo bem, mudamos os planos e usamos um pouco da Linha Vermelha pra chegar até em casa. Desci do ônibus e, no meio da multidão, o que vejo? Um mendigo, uma mochila e um gato. Normal? Bem... o gato estava EM CIMA da mochila, se equilibrando de algum jeito para continuar ali em cima. Não estava amarrado, preso, nem nada. Ele apenas queria continuar ali. Queria continuar acompanhando aquele mendigo, ainda que isso custasse um tremendo esforço de concentração pra não cair daquela tosca mochila. Eu deveria ter tirado uma foto. Consegue imaginar a cena?

Mas a história toda não acaba aí. Hoje de manhã, outro gato me surpreendeu. Como? Me atacando! Sim, isso mesmo... Ele me viu andando pela rua. Escondeu-se atrás de um poste. Ficou em posição de ataque. E quando passei, pulou em direção à minha perna, ficando em pé e ameaçando-a com as duas patas ao alto. Não exatamente me atacou, mas ameaçou-me dando uns pulos em volta da minha perna, movimentando as patas no ar em sinal de ataque, e de repente bateu em retirada em direção ao portão mais próximo.

Isso não é comum, é? O que há com os gatos?

Outro perfeito!



Um personagem que é condenado "a uma pena de cinco a dez anos (o que vier primeiro)".

Um outro para quem a liberdade humana "consistia em ter consciência do absurdo da vida". E que pondera: "Deus não fala. Se pelo menos conseguíssemos fazer com que o homem calasse a boca!".

Sim, Que Loucura só poderia ser de Woody Allen. Trata-se de uma reunião de dezessete textos que, embora de estilos variados, contém a marca indelével deste autor.

Wednesday, April 09, 2008

Exageros e crises



AVISO URGENTE AO NAVEGANTE DESAVISADO: Este post assume que o leitor já viu o filme O Passado. Caso não tenha visto, saiba que os comentários que se seguem podem eventualmente estragar a surpresa. Em caso de dúvida, não leia. Vá se distrair em outro site, como este aqui.

Continuando...

Gael García Bernal é um ator que lembra muito meu amigo Marquinho. Mas espero, para o bem do Marcos, que a semelhança termine pela estatura de sapateiro de pulga e cabelo meio à lá Cornelius, pois o Rimini, coitado, só se fode.

Depois de 12 anos casado com Sofia (Analía Couceyro), divorcia-se e tenta viver novas coisas na vida. Com a gatíssima Vera (Moro Anghileri, da foto acima), tem um rápido caso amoroso tragicamente interrompido. Com sua colega de trabalho Carmem (Ana Celentano), constrói finalmente uma vida normal. Prejudicada pelos seus lapsos de memória. Bruscamente dilacerada, entretanto, pelas loucuras de Sofia, que sequestra por uma noite o filho que Rimini tem com Carmem. Traumatizada e decepcionada por Rimini ter se entregue à uma noite de bebedeira ao invés de correr atrás de seu filho, Carmem divorcia-se e o abandona.

Pra mim, este filme entra na categoria "filmes de terror". Me dá mais medo do que os filmes de monstros e vampiros que eu assistia ilegalmente quando tinha meus 9 ou 10 anos, e com um agravante: os monstros que vejo em El Pasado existem de verdade. Estão aí fora, camuflados e fora de controle.

Fobias pessoais à parte, as críticas:

.embora o macho do filme, Rimini, seja um fraco dado a vícios, hesita para tomar decisões corretas, dá-se com freqüência à primeira louca que aparece sem maiores considerações e, ainda por cima, comete o gravíssimo pecado da burrice aguda (quando larga o filho no táxi junto com a Sofia), o filme é mais grave ainda em seus aspectos machistas. Tá, Sofia é uma doida varrida. Aparentemente normal, seria mais um coração partido, talvez irreparavelmente partido, a vagar pelo mundo. Mas é desmedida em suas atitudes. Em todo o explicitismo de seu fascínio indiluível por Rimini. Até aí, tudo bem. Uma caracterização da moça, só isso. Quem não pode ter um perfil psicológico assim alterado? Há loucos no mundo, afinal. Há desesperados. O problema é que Sofia não está sozinha. O filme, em sua metade final, resgata a repugnante imagem das mulheres, como um todo, como formigas autômatas desesperadas por encontrar o casamento eterno. E nada mais. Caçam o homem como a formiga forageia o açúcar. E nada mais. Disso eu definitivamente não gostei. Foi um exagero que não caiu bem.

.Às vezes muito esforço concentrado e prolongado não conseguem alterar muitas coisas no mundo (horas de estudo vs. resultado nas provas de cálculo). Por outro lado, pequenas coisas, alguns momentos, uma decisão à qual não se dá a devida atenção, podem ter um efeito devastador e eterno. Aquela preguiça de tirar o filho do taxi, quando foi buscar cigarro, embora parecesse-lhe uma trivialidade corriqueira, custou a Rimini muitíssimo mais do que a estupidez de quase transar com Sofia às escondidas. Não deve ter durado 40 segundos o tempo de sair do táxi e pedir um maço de cigarros e ver o carro sumir. Por que não foi à casa de Sofia? Era o primeiro lugar a procurar. Deu-se à bebida, incapaz de ser mais forte que o próprio estarrecimento diante daquela incredulidade. E nunca mais sua vida reencontraria os trilhos bem encaminhados sobre os quais esteve.

Há os que digam que o filme é um exagero, que as atitudes de Sofia são artisticamente bela por exagerarem o desespero do amor imortal. Tá, o amor imortal é bonito, mas o filme mostra, explicitamente, o descomedimento diante sentimentos. E se sufocar os próprios sentimentos é suprimir-se de existir, deixar que tomem por completo as rédeas de suas atitudes significa abrir mão de todos os benefícios que a razão pode trazer à vida. Significa ser menor do que se pode ser.

Em resumo, gostei do filme. Tem um condenável viés machista mas, isso de lado, faz pensarmos sobre nossos exageros e sobre as enormes proporções do que pode resultar de pequenos atos.

Tuesday, April 08, 2008

Mais do Sêneca



Os livros são fabulosos: Sobre a brevidade da vida e Aprendendo a viver, ambos em pequenas versões pela L&PM Pocket.

Atualmente estou vagando sem compromisso pelo Aprendendo a viver.

"Nem a mim mesmo suportarei quando, um dia, começar a considerar algo insuportável."

Eu sou assim. Não tenho como negar. Embora várias coisas no mundo me choquem e muitas outras me causem espécies várias de desprazer, é de minha natureza olhar tudo com um olhar espectador que empacota tudo, absolutamente tudo, como "o mundo lá fora", e tudo o mais é uma subcategoria.

Em tempo: A foto saiu do interessante site Enciclopedia Multimediale delle Scienze Filosofiche

Thursday, April 03, 2008

Isabella


Não dá pra deixar precisamente clara a magnitude da minha revolta com essa história. Cinco anos... Em meus momentos de frieza, é só mais um dos fatos do mundo. Mas desta vez não consigo ficar nestes momentos de frieza muitos segundos seguidos. É revoltante.

Como bom brasileiro, estou acostumado com atrasos e ineficiências quanto a mensalão, grandes obras na cidade, dossiês, destino dos impostos de saúde... Mas esses crimes todos, embora na prática afete um número muito maior de pessoas e por um prazo muito maior, têm sempre um distanciamento das vítimas que os permitem serem realizados na mais completa impessoalidade. Não se vê, não se sabe e não se sente das vítimas.

Jogar uma criança pela janela é o oposto disso. Isso não pode ficar impune. Esse é o tipo de crueldade cuja única solução cabível seria voltar no tempo e segurá-la, tirá-la pra longe dessas pessoas.

Em geral, sou tolerante e leviano. Não consigo ter essas tendências quanto a essa história. Não sei se teria vontade de impedir o eventual linchamento dos responsáveis por isso, e confesso que seria tomado por uma vontade visceral de colaborar.

Justiça?! Essas histórias mostram que nem sempre justiça completa é possível. Nada vai trazer a Isabella de volta.