Sunday, January 21, 2007

Insônia

A madrugada, quase quatro já... Esse misto de exaustão com insônia, de planos com memórias, de gostos diversos com essa sede seca e esse cheiro de chuva caída. Os sonhos, impossíveis, imprevisíveis, megalomaníacos... Sim sim, sonhos megalomaníacos, é isso... É tudo, tudo, sempre tudo e em profundidade. Salvar o mundo, me divertir, ser bem sucedido e ainda por cima fazer o que é certo. Muita coisa. E é por isso que não tenho nada contra a insônia... Porque essa hora da madrugada com esse barulho de nada acontecendo invadindo a janela é a chance de entender que o tempo não existe... Que o tempo é só Agora e que é num mesmo agora que moram todas as lembranças e todos os sonhos. Um jogo com muitas coisas conflitantes para conciliar, isso sim... Estudos com cultura com momentos lúdicos com viagens com família e com a reclusão que se precisa para o lado intelectual do meu trabalho. Ah, o tempo! Sempre ele, sempre ele...

Há pouco tempo atrás o que eu queria era amar menos. Amar menos meus trabalhos, Amar menos a anestesia de tocar bateria. Amar menos a religiosidade da aviação. Amar menos o som da praia deserta num fim de tarde. Amar menos sorrisos e olhares, por fim. Na difícil arte de ser o que se é tem sido recorrente essa impressão de que só a ignorância de tudo aquilo que é alheio me salvaria de volta para alguma conexão com o mundo. Entendem o processo? Percebem? O rádio-relógio segue piscando um horário indefinido, nunca acertado. E, ainda assim, os números se revezam minuto a minuto. Veja só se não estou assim também por dentro...

Talvez seja a ambição deprofundidade em tudo... A insistência em sentimentos onde para todos os efeitos do mundo bastariam as histórias... Quantos sentimentos aparecem nos livros de história? Nas fotos mais bonitas? Sentimentos... eu deveria me preocupar apenas com os meus e parar de ser indiscreto ou mesmo injusto ao vasculhar e julgar as entranhas alheias. Lembro do sonho em que só havia um olhar... Aquele olhar profundo cheio das sensações de estar lá dentro, uma outra alma. Um eu alheio.

E os minutos se alternando no rádio-relógio lembram que só os sonhos possíveis têm vez. Parece uma macabra contagem regressiva. Uma ampulheta mórbida e sarcástica.

Os pensamentos ficam mais objetivos, mais delineados. Vou precisar de duas torneiras novas, uma pia, alguns fios e muita tinta. Uma reforma por fazer. Orçamentos. Alguns finais de semana tomados pela sujeira da obra e noites caçando um espaço de sono no meio da bagunça.

Em paralelo, uma outra reforma. Estou fazendo a lista de compras, e terei algum trabalho com o orçamento. Mas aqui, ao menos, uma vantagem: os finais de semana só terão a ganhar e as noites de sono irão se tranformar não em desafio, mas em recompensa.

1 comment:

Paulo Roberto said...

Você precisa de:

1) Sair para ver um filme com todo mundo (como vc propôs no Arkfer, aliás)
2) Sair de balada com os amigos (vamos agitar com as nutri e alguns da Poli)
3) Sair de barzinho (exite essa expressão?) para tomar Tequila. É o segredo da felicidade escondido no álcool do milho.
4) Começar a planejar a Estrada Real comigo e com quem mais quiser vir.
5) Ser menos responsável. OU SEJA, ter menos responsabilidades.
6) Pensar mais nas coisas que você quer, pelo simples fato de você querer, e não porque vai ser bom profissionalmente, financeiramente, etc.

Depois eu me lembro de mais resoluções para você.

Abraços.