Wednesday, July 11, 2007

Olhos fechados

Segurei-a pelo braço, apertei minha mão com força, olhei-a nos olhos. Ofendi. Praguejei. Amaldiçoei. Contei ao velho estes meus feitos, na espeçança de elevar-me em seu olhar. Aguardei os louvores; silêncio. E então, um conselho. Sábio, sereno, severo pela sobriedade de sua leviandade. Há palavras que sabem sangrar a consciência deixando os ouvidos ilesos.

Anos mais tarde, tento acessar dentro daquele olhar já distante algum pedaço de perdão, alguma idéia de paz. O Tempo é assim um juiz inexoravelmente perspicaz, honesto e justo quando se trata de condenar-nos pelo que fazemos contra nós mesmos. Fiquei ali, sem achar olhar nenhum mais... Só ouvindo os ecos de meu erros nunca mais corrigíveis.

Meus erros?! Fui consolado por todos em quem busquei alguma indignação e repulsa contra o pior de mim. Por todos, menos pelo velho... Que soube dizer, com suas irreproduzíveis palavras de falar à alma, que sim, eu errei... Mas a única coisa sensata e cabível a fazer é olhar esse erro buscando aprender e melhorar. Olhar pra frente... Na direção oposta a que eu estava olhando agora; justamente a direção em que mesmo aqueles olhos fechados se lembravam de mirar.

Eu encontrei todos os defeitos dela. Maximizei-os com quantas hipérboles deboxadas consegui improvisar. E agora são só as virtudes que eu vejo partir... Fico pensando se essa mudança de ótica é um auto-engano com que tento me ver já não tão duro.

E então olho tudo em volta e percebo que não vejo mais nada do mesmo jeito. As pessoas mudaram. Eu mudei?!

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