Thursday, September 27, 2007

Notas sobre coerção


Nas aulas de sociologia, no colégio e na faculdade, uma das coisas que eu achava mais bizarras de ouvir era a palavra "coerção". E agora, cada vez mais, venho formando uma noção concreta do que esta palavra significa. Estou com sono demais agora para me alongar escrevendo, espero ter forças para isso depois. Mas o fato é que sinto isso em minha vida em vários momentos... situações em que me sinto preso, compelido a isso ou aquilo ou impedido de outras coisas, de um modo que soa inevitável. E, mais ainda, vejo nas outras vidas também... A relação necessária entre visão concreta das coisas e fuga para um mundo de imaginação, de sonhos, de considerações abstratas, impossíveis e até mesmo alucinógenas de certa forma. Os desejos que existem, sei que estão lá, mas nunca são ditos. Nunca são e nem nunca serão manifestos (em excesso). Os atos feitos a contragosto ou não feitos nunca apesar da sede enorme. E a lista é interminável. A coerção é uma realidade física, concreta. Existe mente, existe coerção. É um conflito do ser com o mundo e entre os seres. Mas, devo observar, embora a palavra carregue uma pesada conotação negativa, de modo nenhum sua existência está atrelada a algum juízo de valor. A existência precisa de coerções de todas as espécies. A própria matéria ganha realidade ao configurar-se como limitação e determinação à liberdade de outra matéria qualquer. É por esse atalho lógico que, creio, entender a mecânica da coerção seja um componente fundamental do entendimento da realidade social. Como em todo conflito saudável, o que as complexas relações de coerção geram é um tipo de equilíbrio instável que vai caminhando a variável de estado de uma configuração para outra sem pedir muita licença a quem quer que seja. É algo como que vivo por si.

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