Monday, November 12, 2007

Mosaico



A proximidade excessiva distorce a verdadeira proporção entre os elementos, fazendo com que um se destaque sobre os outros de forma indevida, e daí resulte um desequilíbrio.

A distância excessiva promove a dor da comoção ante a contemplação da arte, da intangibilidade de seus atributos inalcançáveis.

Toda prufundidade de significado repousa sobre o equilíbrio delicado entre as cores, entre a luz e a escuridão, entre o contorno suave e a aresta.

Em um mosaico, nada faz sentido isoladamente. Quando se olha obstinadamente um único elemento do mosaico, cedendo aos vícios de seus encantos, perde-se a sensação do sentido maior e toma-se pelo desespero visceral de uma vida que se pensa sem sentido. Encanta-se pela complexidade do passo, mas é preciso ver a coreografia também.

Um mosaico deve ser apreciado da forma correta. Assim como a natureza emerge do vulcão e da brisa, da areia e da onda, para dar à vida toda sua amplitude de existência, que vai da caçada mais cruel ao milagre de um ninho, um belo mosaico é feito de pequenos elementos de contrastes extremos, que em seu conjunto proporcionam um resultado não encontrado em nenhum outro lugar do universo.

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