Wednesday, September 17, 2008

Valores


Ainda não tive o que se pode chamar de uma vida longa, mas já posso dizer que até aqui tive vários óculos. De qualidade, sem qualidade, de grau, escuros... Uns perdi, outros estraguei, outros quebrei... Acontece, um descuido ali, pronto, já era. Caiu no chão, riscou na parede, algo horrível aconteceu.

Até que nesses dias percebi algo curioso... Tenho um par de óculos que conservo em minha posse há um tempo recorde, e essa não é sua única peculiaridade. Eles não só são os óculos mais baratos de todo o repertório, mas também são... sem grau! Isso mesmo, não são nem óculos de sol, nem de grau. São como óculos de leitura, parecem ser "de verdade", mas não tem grau nenhum. E percebi que nunca cuidei de nenhum dos outros com o mesmo cuidado, nem mesmo dos caríssimos óculos de sol com os quais presenteei Iemanjá nas últimas festividades de ano novo.

É que esse par, sem grau, sem graça, tem... histórias! Ele é inusitado, e ele é inútil, duas qualidades das mais supremas já concebidas. Conciderando-se paralelamente que ele é inofensivo, conclui-se que é excepcionalmente belo e admirável, no sentido estético do termo, no sentido filosófico de estético...

Que se tenham ido os óculos caros ou os portadores de utilidades das quais outros dariam conta, tudo bem... Agora esse, esse que é capaz de gerar risos e conversas, esse que é capaz de divertir, que tem histórias, esse que é uma contravenção às normas utilitárias de fabricação de utensílios, e que portanto presta-se unica e exclusivamente a satisfazer um prazer lúdico sem pagar nenhum tributo por isso, esse sim tem um verdadeiro valor a mais. Esse par espero não perder nunca!

1 comment:

Anonymous said...

Eu quase o perdi uma vez, no vestiário feminino da Odonto. Mas o fato de ele ser sem grau fez com que se tornasse facílimo encontrá-lo no Achados e Perdidos...