Saturday, September 20, 2008

Ataque perspicaz

Filósofos gostam de praticar o pensamento filosófico em assuntos nada originais que outros filósofos chamam de filosofia e deixam as próprias mentes de lado quando estão fora desses assuntos.

Retirado de "A Lógica do Cisne Negro", de Nassim Nicholas Taleb.

A mesma crítica pode se aplicar a uma gama absurdamente grande de academicismos, eruditos ou mesmo técnicos. Físicos frequentemente perdem o olhar para o mundo natural que se oferece da janela pra fora, engenheiros parecem ser completamente cegos para uma infinidade de problemas não-quantificáveis ou de enunciado aberto, críticos literários parecem particularmente propensos a esquecer que a literatura nasce de um impulso por esmiuçar a vida e sobrevalorizam a literatura enquanto menosprezam toda a vida que se desenrola naturalmente e de graça, ao redor. A crítica de Taleb, embora tenha um objetivo muito preciso em seu livro enquanto denuncia da cegueira reflexiva para o objeto central de sua investigação (aleatoriedade e inferência), é muito mais ampla e toca de perto um traço caracteristicamente humano que não tem muitos critérios para escolher onde se manifestar: nossa propensão automática e inescapável à distorção da realidade com vistas a justificar e glorificar nossa particular narrativa do mundo.

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