Sunday, April 01, 2007

Saudade

Fui ao computador, que fica na sala. Ao pé da cadeira, ao contrário do chão vazio, estava uma almofada velha. Sobre ela uma sacola de mercado contendo uma caixa de papelão e... dentro, a Suzi, deitada como costumava dormir pelos cantos quando era viva. Olhei aquela cena por um tempo, tentando entender... Indagando... Ela havia morrido, não havia? Faz tempo? Mas... estava ali, tanto melhor! Fui mexer com ela, torcendo para que estivesse viva de novo. Comecei a mexer no focinho dela. Nada... Mais um pouco... Seria tão bom se ela estivesse viva de novo... Eu queria que ela estivesse viva mais um pouco, mais um pouquinho só! Continuei mexendo com ela, até que, com a pata, ela tentou tirar minha mão de perta. Ela era assim quando estava velha e dada a acessos de rabujentices. Mas não importa, estava lá. Seu rosto estava azulado como que mofado, como se congelado, e assim também iam os olhos, toamdos de alguma defuntice mórbida difícil de descrever sem mostrar. Mas não importa, não importa... ela estava lá! Sentei no chão, ao lado dela... Comecei a contar histórias... Histórias sem censura, as últimas novidades... As irônicas engraçadices de acasos corriqueiros. Ela levantou-se. Ficou no meu colo... ficou com as patas em mim, olhando pra mim, e eu ria... ria e contava mais... Ela sorriu também, posso jurar que sorriu, e é verdade. Tá, tudo bem. Cachorros não sorriem. Mas, também, não ressussitam. E nem por isso meu sonho foi menos realista. E, além do mais, a Suzi não era só uma canina... Tenho saudades dela.

1 comment:

Karina Tambellini said...

Já que vc pega pai,mãe e irmã emprestados, eu te empresto a pituca pra vc ficar feliz!!!!


Missing your way of life!
Donde estás tu, cabrón?

bjs =*