Olhar horrível, contorcendo-se para reter as lágrimas de alguma forma. A cada sacolejar do ônibus, uma nova e diferente expressão de dor. Um passageiro, ao dar-lhe o dinheiro, pergunta: o que foi? Quase balbuciando, ela explica: dor. Tô com dor na coluna, moço.
Segundos depois, lá de trás, levanta-se um homem, senhor já, agasalho pesado contra o frio desses dias de agosto. Vai até a catraca: quer tylenol? Toma! Deu-lhe uma cartela cheia. Ela fica olhando, agradecida. O tal homem vai se sentar.
Ela grita ao motorista: Tem água aí? Um passageiro me deu tylenol, é comprimido. Tem água? O motorista faz que não com a cabeça e segue dirigindo. Olhando adiante.
Surge então, sei lá da onde, um braço estendendo à cobradora uma garrafa d'água. Meio litro, cheia, fechada. Toma. A pessoa virou-se e voltou ao seu lugar. A cobradora ficou olhando, tomou o comprimido. Mas antes mesmo de tomar o comprimido, e antes que a dor na coluna lhe desse grandes tréguas, já se sentia tão melhor...
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3 comments:
Eu sempre disse.
Disse o que Olga?
Ela disse que "o mundo é bom", oras... É quase o bordão dela!
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