Ele entrô com aquela caxinha preta na mão, eu sabia que era um instrumento. Aquelas caixa é sempre de algum tipo de instrumento, sabe? E tava bem véia já, comida nas berada. Pagô em dinheiro, não sei se num tinha bilhete único ou sei lá. Perguntei se era flauta, porque era uma caixa comprida mas era fina, estreita demais pra ser trumpete.
- É um clarinete.
Faz tanto tempo já... Eu tocando na bandinha, pensando em virar músico um dia, já pensou? Daí ele começou a me perguntar, falei dos tempos lá no Piauí que eu tocava na bandinha da cidade. Contei que adorava tocar trompete. Mas não queria contar, sabe? Dá um aperto... E ele falava pra eu arranjar um instrumento véio, qualquer um, e tocar pra brincar mesmo, vez ou outra. Pode uma coisa dessas? Faz tempo que vim pra São Paulo já... Duas filhas agora, a casa, e todo dia nos ônibus, pra tudu que é lado, sabe? Vô tocá o que? Num vai saí nada que eu lembro, e vô lembrá de quando tocava tanta coisa bonita, e vou ficar mais triste... Inda bem que ele foi embora logo, que a conversa num tava num rumo bom.
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1 comment:
que triste...
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