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Lê-se assim logo no início do deliciosíssimo livro de Jean-Pierre Lentin, Penso, logo me engano que trata muito amistosamente da história dos equívocos científicos:
Esses "filósofos" [da antiguidade] começam a fazer ao universo perguntas pertinentes, agudas e, sobretudo, abertas à discussão. Os sábios gregos se criticam, se completam, recebem e passam a bola. É claro que, obrigatória e fatalmente, suas primeiras teorias são, todas elas, erros magníficos, mais preciosos que todas as verdades, já que põe o pensamento em ação. Este capítulo é, portanto, um florilégio de hipóteses falsas, liricamente aberrantes, elegantemente torpes, vaidosamente bizarras: as lindas asneiras que geraram a ciência.
Critica-se com todo o humor do mundo as "asneiras" das teorias antigas. Mas nem por um momento passa-se perto de criticar as perguntas dos antigos, bem como seu modo de perguntar. Ao contrário... Já eram perguntas pertinentes, agudas e abertas à discussão... Poucas características, tão enganadoramente humildes, e tão assombrosamente poderosas!
Recomendo o livro para quem gosta de história do pensamento e não se irrita com escritores bem humorados. O meu exemplar consegui num sebo. Pra quem lê em francês, o original é "Je pense donc je me trompe".
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