Uma fazenda de soja e milho no meio do Maranhão. Estávamos lá com o avião, a trabalho. Dormindo nos alojamentos disponíveis e convivendo com os trabalhadores de lá. Por nossa necessidade providenciamos internet fazendo todo esforço possível. Utilizamos tratores para colocar as antenas nos postes. Finalmente o sinal de internet chegaria ali.
E de repente todos os funcionários saiam do refeitório, após a janta, com os smartphoones à mão. Aí um deles, tratorista, se aproximou do comandante do avião, justamente num dia de chuva em que a internet estava fora do ar:
- Rapáiz! Aquele vídi lá qui tu mi mostrô! Tu tem ele aí, tem?
-Tenho sim, tchê! Está aqui no meu celular...
-E tu passa ele pra mim, passa?
- Agora não dá, porque a internet está fora do ar!
- Oxe, afmaria! Sem internet tu num passa não?
O comandante, compadecido da transparente ignorância alheia, se pôs a explicar:
- Sem a internet não dá, porque eu não passo direto pro seu celular, entendeu? - e o tratorista olhando, admirado, e o comandante prosseguiu - O vídeo tem que sair do meu celular e ir para a internet, algum computador longe daqui, e depois da internet é que vai para o seu celular, entendeu agora?
- Ah rapá, mas é, é? Intendi foi sim...
E num breve período de silêncio o tratorista ficou ali. O comandante se admirando de todo o conhecimento que havia conseguido traduzir para aquele homem alheio aos conhecimentos das modernidades. Até que, um tanto quanto receoso, como quem insiste mais do que devia, o tratorista disse:
- Mas moço... e brututi, tu num tem, não?
- Brututi? Que isso? - assombrou-se o comandante.
- Brututi, daí tu mi passa sem as internet! Tu liga u teu daí que ligo meu daqui. Daí vai diretu dum pro otro!
E foi neste dia que o comandante aprendeu a usar o Bluetooth de seu celular.
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