Thursday, December 28, 2006
VOTOS DE FELIZ ANO NOVO!
Beijos e abraços!!!
Reflexões aleatórias de um fim de ano conturbado
Fui jogar fora umas coisas velhas e achei um caderno cheio de notas. Carregava o caderno comigo e escrevia as coisas mais estranhas que me ocorriam, que eu via, que eu ouvia.
Eu vejo as pessoas em volta de mim, as vejo mais do que parece. Talvez, tudo bem, eu ignore muitas coisas, meu olhar sobre as coisas é, afinal, fundamentalmente diferente. Mas se por um lado sou cego para coisas que todo mundo vê facilmente, vejo rápido, em detalhes, coisas que poucos vêm. O que faz de mim às vezes perspicaz, às vezes louco.
Pensamentos para 2007? Preciso de mais egoísmo. Do tipo bom. Acredito cada vez mais no poder de elevação espiritual do egoísmo. Egoísmo nos olhares, nas réplicas, nas atitudes... Não confundir egoísmo com filha-da-putagem é fundamental para entender esse comentário e sua importância. Eu sei o que eu quero é foi muitas vezes a falta desse tipo saudável de egoísmo que levou a hesitações estúpidas das quais agora quase me arrependo.
Pra cantar
Então vai um Curso de fisiologia vocal.
Estou procurando mais coisa que preste a respeito, com aquecimentos, exercícios e afins... Mas é meio demorado achar algo que preste, nesse tema, na net...
Jornal sobre música
Para achar em sebos
Músicas
PROBLEMAS EXPERIMENTAIS PARA VALIDAÇÃO DE PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIAL
A hipótese que está sendo testada aqui é a de que é possível a transmissão de informação diretamente de uma mente a outra, ou talvez de um espírito a outro (assumindo aqui também a hipótese de que esta informação não estaria contida apenas em um substrato material). Entretanto, segundo algumas das explicações propostas para o caso em que tal hipótese se mostrasse correta, a realização deste experimento torna-se extremamente complexa.
Uma destas explicações que mais procura estar de acordo com o estado atual da física diz respeito à problemática do colapso da função de onda. Em resumo, a física moderna não trata de cada partícula que compõe o mundo material como se esta fosse uma bolinha de bilhar. Ao invés disso, cada partícula é descrita por uma função que nos diz qual sua probabilidade de ser encontrada em determinada região do espaço. Assim, na mecânica quântica, não faz sentido nos perguntarmos se um elétron está na posição número cinco sobre um eixo orientado, por exemplo. Faz sentido apenas nos perguntarmos qual a probabilidade de que ele esteja entre as posições quatro e meio e cinco e meio, por exemplo. A cada observação, um fenômeno diferente será observado, obedecendo estas leis de probabilidade, mas a predição exata de um dado fenômeno específico torna-se uma impossibilidade.
A partir deste que é um fato consagrado da forma pela qual a mecânica quântica descreve o mundo atualmente, e passando por inúmeros exercícios de especulação, propõe-se que o pensamento, a mente humana ou a consciência humana, chamem como quiser, teria o poder de controlar o colapso de onda e afetar as escolhas aleatórias que a natureza faz ao construir o segundo seguinte.
Esta explicação é coerente com o experimento do tipo II, em que uma cor é escolhida ao acaso dentre os papéis porém não se observa qual é a cor realmente escolhida. Portanto, até que efetivamente o papel seja virado e a cor exposta aos observadores presentes, pode-se assumir que a função de onda que descreve todo o complexo conjunto físico dos papéis não esteja ainda colapsada e esteja, portanto, aberta a este suposto controle externo.
Já o experimento do tipo I não se relaciona diretamente a esta teoria pois, uma vez pensada uma cor pelo entrevistador, esta realidade física (uma informação criada e contida no cérebro do entrevistador) é imediatamente observada por ele próprio, em sua consciência. Assim, não há função de onda não colapsada nesta história. Ainda assim, é um experimento interessante pois, desde que a aleatoriedade nas escolhas das cores seja minimamente garantida, possibilitaria verificar a transmissão de informações sem um intermédio físico concreto.
Algumas dificuldades se impõe, entretanto, para a realização de um experimento que parece simples. Segundo a própria proposta (em especial no que diz respeito ao experimento II), as atividades mentais dos participantes tem o poder de influenciar o resultado final, como por meio do controle do colapso da função de onda. ora, isso significa que o observador não é mais um simples observador, ele é também parte das causas do fenômeno observado. Nestas condições, é plenamente possível argumentar em que um experimento tenha sido fadado ao insucesso precidamente porque ao menos um dos participantes não acreditava devidamente na possibilidade de êxito.
No caso do experimento I, a dificuldade viria de algum bloqueio que o entrevistador imporia às suas transmissões mentais ao entrevistado, a um possível desejo interior de que este errasse a maioria das respostas fazendo portanto com que informação errada, ou nenhuma informação, fosse transmitida no final das contas.
Exploremos as conseqüências dessas divagações. Em primeiro lugar, tem-se então que, ao olhar clássico da ciência, não temos nenhum experimento verdadeiramente merecedor deste título em curso aqui. Isso porque, para que algo possa ser considerado um experimento, ele deve se referir diretamente a alguma hipótese testável e diretamente relacionada aos seus resultados. Caso, porém, estes resultados dependam de condições incontroláveis no experimento, ou caso um mesmo resultado admita diferentes explicações (por exemplo, uma distribuição puramente estatística no resultado das adivinhações pode ser interpretada tanto como inexistência da transmissão telepática de informações como simples bloqueio mental oriundo do entrevistador ou mesmo incapacidade do entrevistado, não resolvendo o problema de decidir sobre a própria existência das transmissões telepáticas). Neste sentido, deve-se buscar imaginar que tipo de experimento seria capaz de dar conta destas limitações.
Em segundo lugar, abre-se o problema filosófico, que pode ter desdobramentos práticos na forma em que a mecânica quântica é conduzida em laboratório, de como a ciência deve armar seu arsenal experimental para os casos em que o observador, invariavelmente, tem participação no fenômeno.
A busca da relação direta com o mundo material parece ser sempre a saída mais segura. Supondo casos de 90% ou mesmo 100% de sucesso no caso do experimento I, teríamos como concorrentes as hipóteses de que a telepatia realmente funcionou e também a hipótese de que, simplesmente, o entrevistador está mentindo ou foi condicionado a pensar que o experimento funcionou por alguma peça que sua mente pregou em si própria.
Já no caso do experimetno II, com o papel escolhido disposto separadamente sobre a mesa para a observação de quantos quiserem observar os resultados, poderia ser sempre inconclusivo para provar a inexistência da telepatia nos casos de insucesso, devido a concorrência com explicações que apelam ao bloqueio mental por parte do entrevistador, porém forneceriam entusiasmantes argumentos em favor da existência da telepatia caso realmente os resultados desviassem sensivelmente das previsões estatísticas. A conclusão aqui é a de que este tipo de experimento, embora fosse capaz de provar a existência da telepatia, não seria capaz de provar sua inexistência caso seja este o fato. Assim, imaginando um mundo em que por séculos e séculos diversos cientistas se reúnem para desenvolver variantes deste processo, sem obtenção de sucesso, o que deveria ser admitido como resultado?
Fica em aberta a hipótese de fenômenos que se manifestam para os que acreditam. Supondo que não se trate de um caso de loucura, mas que realmente exista algo assim na natureza, algo que não se manifesta de forma uniforme a todos os seres mas que está, antes, condicionada pelo estado do sujeito, o que acontece com a ciência? Afinal, um dos pilares fundamentais da ciência, se não o principal absoluto, é a hipótese de que existem um conjunto homogêneo de leis por todo o universo, que regem de forma homogênea o comportamento de toda e qualquer partícula. Mas se algum ser consegue influenciar o colapso da função de onda, então para este indivíduo a distribuição de probabilidades do fenômeno final foi alterada. O que significa não só que a função de onda colapsou, mas que colapsou de forma controlada e que, portanto, implicaria em uma alteração mesmo de suas probabilidades, ao menos em termos empíricos (uma moeda tem 50% de chance de apresentar cada resultado, cara ou coroa. Porém se a experiência mostrasse uma moeda que, em mil lançamentos, apresentou novecentos resultados cara contra apenas cem resultados coroa, embora os cálculos teóricos implicassem em 50% de chance para a moeda, seríamos forçados a admitir que alguma coisa, mesmo que desconhecida, alterou a distribuição de probabilidades original). Esta observação final pode ser considerada como externa ao texto, pois é um arumento em contrário à explicação da telepatia pelo colapso de onda como algo coerente com a mecânica quântica atual.
Menos noites frias
Nessa última notícia, o que me chamou a atenção foi a seguinte informação:
"O número de noites muito frias diminuiu 76% e o de noites quentes aumentou cerca de 72%."
Isso afeta profundamente nosso modo de viver. Noites frias são definitivamente melhores que noites quentes. O mundo vai ficar, antes de inabitável, extremamente apático.
Já há algumas semanas tem sido comum eu dormir de janela aberta e sem camiseta, coisa que nunca havia sido meu costume. Gosto de dormir, em geral, com mais cobertores que o necessário.
Saturday, December 23, 2006
Vida moderna...
Havia lá no meio questões sempre delicadas e importantes, que traduzem uma profunda necessidade de intimidade e conhecimento mútuo no casal. Já discutimos nossas expectativas sobre ter filhos e, em caso de os querer, como dividiríamos as responsabilidades? Podemos discutir abertamente nossos anseios sexuais, nossas preferências e nossos medos?
E, no meio dessas questões todas, hierarquizada como tão fundamental como todas as outras, a sintomática pergunta:
Vai haver uma TV no quarto?
E fico aqui me perguntando quantos casais teriam falhado, primordialmente, por um descompasso especificamente em torno desta última questão, de uns tempos pra cá...
Wednesday, December 20, 2006
Educação e os professores
Eu ia comentar. Mas tô sem dormir e são 4 da manhã. Não sei se consigo comentários úteis nessas condições, então prefiro ficar quieto.
Sunday, December 17, 2006
Buzinas Desintegradoras
Pois bem, se achava que essa buzina significava "sai da frente" e não via o menor sentido nisso pois não havia absolutamente a menor possibilidade de alguém se mexer, saiba que não é nada disso.
O Blog do Axel, que irá concorrer ao prêmio de Melhor Blog de Informações Públicas Aeatórias assim que o prêmio for criado, esclarece o fenômeno aqui em primeira mão.
Tratam-se das buzinas desintegradoras. Sim, isso mesmo. Você aperta a buzina, e um som infernal e perfeitamente sintonizado para ressoar com a estrutura molecular do veículo adiante o desintegra, e então você pode avançar mais um espaço e repetir o processo. Mas, é claro, você nunca viu nenhum carro desintegrando porque moramos em um território de terceiro mundo, onde as únicas coisas globais que realmente funcionam são o aquecimento global, o analfabetismo, as novelas e a sempre saudável máfia asiática do que quer que seja.
Aliás, a DHT Inc® (Desintegrating-Horn Technologies) tem registrado um recorde de reclamações sobre o produto. Porém, como segundo os acordos internacionais as empresas estrangeiras não são obrigadas a oferecer um serviço de qualidade superior a aquele previamente existente no país, o departamento de Telemarketing da DHT não passa nenhuma das reclamações adiantes e ainda presenteia-nos com versões eletrônicas estragadas e monocromáticas de grandes clássicos da música. Aliás,
Bom, fica a dica desse mercado inexplorado: caso você descubra como concertar as buzinas desintegradoras importadas presentes em nosso trânsito, pode até pensar em algum lobby junto aos órgãos públicos para obrigar o concerto do equipamento durante o licenciamento dos veículos, não só monopolizando o mercado mas obrigando democraticamente que todos pagem pelo serviço.
Correr
Há muitos comentários possíveis sobre os benefícios físicos do exercício, embora haja um bom número de razões contrária a essa prática em uma cidade poluída como São Paulo, próximo a rodovidas, etc... Mas isso compõe apenas parte da brincadeira.
São as cenas. É incrível como o cenário muda quando você vai a pé. Parece que ele explode em detalhes. As casas ganham profundidade, detalhes nos jardins... Há tempo para comprimentar as pessoas com um breve sorriso quando olhares eventualmente se cruzam... Não é só uma questão de velocidade, pois mesmo andando devagar de carro, duvido que a experiência se reproduza nesta condição.
E quanto aos lugares onde normalmente passamos apenas de carro, quando finalmente os atingimos a pé, muda algo no sentimento que temos com relação ao espaço ao nosso redor.
Passo por bairros não muito apresentáveis, próximo a uma esquina dois vizinhos conversam sobre a insegurança da região. Vou seguindo pelas vielas, travessinhas... Ninguém nas ruas perigosas. Como diria um amigo meu, "aqui não tem nenhum assaltante não, eles não saem na rua com medo de serem roubados!". Crime mesmo é que as pessoas fiquem em suas casas sempre ou só saiam se puderem de algum modo continuar fechadas num certo espaço. É isso. Carro é isolamento sobre rodas, e a maior humilhação daqueles que dependem dos ônibus não é em si o desconforto da lotação, mas a privação deste espaço particular em que o contato com os outros é licitamente revogado. Crentes de que a modernidade de algum modo lhes diz respeito também, essas pessoas não se intimidam com as limitações da condição e criam o isolamento dos corpos colados.
Será que correr de tudo isso é só meu isolamento? Que meu sentimento de que ver tantos desses lugares diferentes e sentir a conexão entre esses ambientes ao mesmo tempo contíguos e distantes é apenas minha mentira pessoal para legitimar meu tipo de isolamento preferido?
Não é uma pergunta fácil, mas creio que gastar muito tempo investigando aqui uma resposta seria um sintoma de que a verdade pende para o lado que me desagrada. Vou ficando por aqui então, e talvez vá correr mais um pouco hoje.
Thursday, December 14, 2006
No semáforo
- Opa! Será que o senhor não poderia me arrumar um trocado? É que eu sou ex-presidiário e estou precisando inteirar minha passagem pra Cuiabá.
- Cuiabá?! Nossa!
- É, bem longe!
- Mas, por que você foi perso?
- Tráfico, mas tô nessa mais não...
[O motorista abaixa-se e vai procurando algum dinheiro em sua carteira, até encontrar uma moeda de um real]
- Tó, toma aqui!
- Deus lhe abençoe, muito obrigado mesmo viu!
- Opa, tamo aí!
[O semáforo se abre e então segue-se a conversa entre o motorista e o passageiro]
- O que ele falou que fez?
- Era traficante, foi preso.
- Nossa! E você deu um real pra ele?
- Dei! Não viu ele falando que ia pra Cuiabá?
- E aí?
- Que saia da cidade né, se eu tivesse mais dinheiro na hora, dava mais!
Mais um grande mamífero extinto
Wednesday, December 13, 2006
Ciência avançada
A manchete é: "Olimpíada de Ciências termina em fiasco no Brasil".
Fiasco? A catástrofe organizacional desta Olimpíada de Ciência é a aula que todos os futuros cientistas e pensadores precisam. O conhecimento introjetado de que, a parte tudo o que se conheça e domine, o realizar das coisas passa e continuará passando pela disposição irracional da sociedade circundante. É essa irracionalidade que deve ser dominada. Dominar pedras, pêndulos, elétrons ou ondas é até que fácil. Quero ver controlar pessoas.
Tuesday, December 12, 2006
Modus Operandi
"Não se pode esquecer que, na história da ciência, os métodos novos têm mais importância do que as novas teorias."
A frase é, no mínimo, chocante à primeira vista. Mas há por trás dela uma inquietante verdade.
Sunday, December 10, 2006
Talk Show
- Porque você é meio burra, convenhamos . . .
Esclarecimento importante
- Nossa!
- É! E com comida em cima é ainda mais caro!
Hot news!
Notícias recentes sobre o maior Holo....... (holocausto envolve só humanos)..... notícias recentes sobre esse grande Biocausto:
Calor no outono ameaça deixar a Europa sem neve no inverno
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/dez/08/284.htm
Vast African Lake Levels Dropping Fast
http://www.nytimes.com/aponline/world/AP-Warmer-World-African-Lakes.html?_r=1&oref=slogin
Geleiras na China diminuem 7% ao ano
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/mai/02/165.htm
Aquecimento global enfraquece ventos no Pacífico
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/mai/03/145.htm
Corais do Caribe sofrem devastação recorde
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/mar/31/194.htm
Aquecimento global ameaça a Ilha de Marajó
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/abr/11/147.htm
Study on Phytoplankton
http://www.nytimes.com/2006/12/07/science/07brfs-WARM.html
Global Warming Unstoppable for 100 Years, Study Says
http://news.nationalgeographic.com/news/2005/03/0317_050317_warming.html
Um livro recomendado para reflexões sobre o futuro dessa merda toda:
"O Fim da Evolução"
de Peter Ward
Holocausto
http://www.estadao.com.br/ultimas/mundo/noticias/2006/dez/09/48.htm
Monday, December 04, 2006
PT-NYJ
Sunday, December 03, 2006
Ponderações alheias
"É bom saber que se eu for suficientemente estranho a sociedade vai me aceitar e tomar conta de mim." (Ashleigh Brilliant)
"O homem de bom senso jamais comete uma loucura de pouca importância." (Goethe)
"O louco quando dá conta de seu desequilíbrio, fica absolutamente bom." (Autor desconhecido)
"O que me faz rir não é a nossa loucura, é a nossa sabedoria." (Michel de Montaigne)
"Por que será que, quando falamos com Deus, dizem que estamos rezando, e quando Deus fala conosco dizem que somos esquizofrênicos?" (Autor desconhecido)
"Ira brevis insania"
"Libri quosdam ad scientiam, quosdam ad insaniam deduxere."
Cartesianalisando
- a síndrome da transferência de responsabilidade
- a crise da alocação de recursos
Saturday, December 02, 2006
Tuesday, November 28, 2006
Rascunho às pressas, meio jogado
Enquanto escrevo este texto e tento expandir alguma pesquisa, utilizo um teclado plástico e olho para um monitor de cristal líquido composto também por materiais sintéticos. Em meu pulso, um relógio com pulseira de borracha. A mesa é revestida com fórmica e a tinta que dá cor às paredes deste ambiente utiliza-se de inúmeros hidrocarbonetos. O petróleo e sua indústria estão em toda a parte, e embora o emprego como fonte de energia seja uma de suas mais essenciais e intensivas aplicações, o alcance de seus derivados em nossa vida vai muito além. Faça esse exercício: olhe ao seu redor e elimine deste cenário tudo aquilo que depende do petróleo para existir. Poucos são os ambientes que resistiriam bem a este exercício mental. Isso sem falar no número de eventos de ordem política e mesmo militar que habitam quer seja nossa história ou nosso presente que estão também intimamente ligados ao petróleo. Mas como a humanidade pôde desenvolver esta "petroleocracia"?
A resposta a esta pergunta é uma descrição quase caótica de um íntimo casamento entre aleatoriedades das mais diversas espécies com esforços de mentes brilhantes em busca de respostas específicas. É a convergência deste borbulhar de interação entre abstração e exploração, entre o acaso e a necessidade. Será uma viagem rápida. Rápida porém vertiginosa.
O surgimento do petróleo. Em contraposição à chamada teoria inorgânica, a teoria orgânica conta com o surgimento da vida para a formação de sedimentos que seriam pouco a pouco engolidos pela dinâmica geológica dos oceanos e processados por diversos agentes ambientais até sua transformação em petróleo. Não é de se estranhar, portanto, que o petróleo não esteja disponível em grandes “cavernas-tanque” escondidas, mas sim embrenhado em rochas porosas em regiões dos mais diversos formatos. Além disso, sua formação inicial foi dispersa, porém as intensas movimentações das entranhas terrestres cuidou para que logo este petróleo recém-formado fosse expulso para regiões mais altas. No caminho de fuga muitas vezes o óleo negro encontrou a superfície terrestre. Graças a esse sucesso rumo ao topo da crosta terrestre, os antigos puderam conhecer o petróleo e empregá-lo em construções nas antigas cidades de Ardericca e Zacynthus, como conta Heródoto e Diodórus Siculos. Mais precisamente, empregava-se uma espécie de piche para a impermeabilização de estradas, e o uso como fonte de iluminação também já era conhecido.
Muitas vezes, porém, no caminho à superfície o óleo acabava encontrando alguma espécie de armadilha. Estas formaram-se devido à constante mutação da crosta terrestre ser devido a violentas forças que empurram as placas tectônicas umas contra as outras. Assim, camadas que originalmente seriam horizontais e dispostas umas sobre as outras tornam-se enrugadas e, eventualmente, chegam a quebrar em diversos pontos deslocando-se relativamente umas às outras.
Este processo seria incompreensível até que a geologia quebrasse a idéia de que a Terra é um planeta estático e imutável. Devemos muito deste entendimento à coragem e dedicação de geólogos como William Smith, que reconheceu a repetição de padrões nas camadas sedimentares em diversas das minas de carvão nas quais trabalhou. E também à genialidade de estudiosos como o alemão Alfred Wegener, que teorizou a idéia da deriva continental permitindo que a geologia se aventurasse em uma busca de conhecimento que mais tarde permitiria um mapeamento detalhado de grandes regiões da crosta e da reconstrução de sua conturbada história.
Acontece que, uma vez preso nestas armadilhas, o petróleo estará escondido de qualquer observador pouco preparado. Ainda assim, por improvável que seja, já no século quatro poços de petróleo com até 243 metros de profundidade eram perfurados em solo chinês. Esses poços eram perfurados próximos a regiões de afloramento do petróleo. Tratava-se, portanto, de regiões em que as armadilhas haviam “falhado”, de certa forma, em sua missão de esconder e preservar este tesouro de nossa história geológica.
Futuramente, com a criação dos motores de combustão interna e com os novos usos que gradualmente se descobriam para infinitos processamentos possíveis sobre os hidrocarbonetos, forças sociais e econômicas convergiram no sentido de fornecer à indústria do petróleo o estado da arte das tecnologias disponíveis para exploração e extração dos reservatórios.
A geologia une-se então cada vez mais à física em sua empreitada de reconstruir a história da crosta terrestre. Com o passar do tempo, vai ganhando poderosos aliados, como a eletrônica e a tecnologia espacial, que permitem diversas formas de enxergar o subsolo terrestre, quer seja por meio dos ecos de ondas de choques artificialmente produzidas por explosões ou fortes impactos... Ou então a minuciosa capacidade de enxergar, com precisão, pequenas mudanças no campo gravitacional e magnético da superfície terrestre, inferindo detalhes sobre sua constituição interior. Estas tecnologias podem ser empregadas a partir de veículos terrestres, marítimos, aéreos, ou mesmo espaciais, ampliando enormemente o poder de visão dos estrategistas do petróleo.
E se por um lado a humanidade esforça-se por dominar o petróleo, o sucesso nesta conquista traduz-se em dependência e a dependência aparece como força dialética a permitir que, em contrapartida, o petróleo domine também a história da humanidade. Não é de se estranhar, portanto, que a região do Oriente Médio, onde estão as maiores reservas conhecidas de petróleo em todo o mundo, abrigue também as maiores tensões militares dos últimos tempos. Observa-se também a importância que o petróleo teve em todas as guerras do último século, como único combustível capaz de mover tropas e equipamentos com impacto suficiente para determinar o curso dos acontecimentos. O domínio das fontes petrolíferas utilizadas pelo inimigo é sempre um dos objetivos centrais de qualquer estrategista.
Ao mesmo tempo que esta acentuada importância pressiona um rápido avanço nas tecnologias de extração e pesquisas geológicas, mostra que o domínio destas informações e recursos passa a ser também um assunto cada vez mais importante. O conhecimento da história da crosta terrestre permite prever com maior chance de acerto a localização de reservas petrolíferas significativas. O domínio de diversas tecnologias permite a exploração cada vez mais exaustiva destes recursos, com o emprego de idéias ousadas como a de poços horizontais, plataformas flutuantes suportando quilômetros de risers sobre lâminas d’água de mais de dois quilômetros...
O petróleo vai assim produzindo um mundo cada vez mais capaz de sustentar o desenvolvimento científico e tecnológico que viabiliza a exploração de mais e mais petróleo, em um delicado equilíbrio dinâmico de mutualismo que só poderá ser eventualmente quebrado por fatores externos (mas nem por isso independentes), de ordem econômica, ambiental ou política.
Saturday, November 25, 2006
Falando mal de quem só fala mal
Estive lendo ainda há pouco um artigo de Maria de Fátima de Paula, na revista Tempo Social, e ontem andei folheando o artigo de José Marcelino de Rezende Pinto, na revista Educação & Sociedade. O primeiro entitula-se "O Processo de modernização da universidade", enquanto o segundo "O acesso à educação superior no Brasil". Os artigos são interessantes e informativos, em especial o artigo de Rezende Pinto, cheio de estatísticas sobre as universidades brasileiras de algumas décadas até aqui. Ao ler os trabalhos, porém, deparei-me com um certo pessimismo que incomoda.
O capitalismo está a solta, é um vilão a ser combatido. Está corroendo o livre pensamento e submetendo o pacifico caminhar da ciência às torturas invensíveis das invisíveis e monstruosas forças do mercado.
O incômodo acontece não por eu discordar de que a universidade deva ser um reduto de formação e desenvolvimento de mentes críticas, mas sim por eu acreditar, e sinto mesmo que esta é a realidade desejável, que uma postura crítica não deve implicar em uma postura de criticar. Antes que eu permita nos perdermos na confusão das ambiguidades, explico: espero que criticar seja sempre a atitude de tecer novas interpretações, imaginar novas teses e testar todas essas idéias num constante confronto com a realidade, sem medo de chegar a qualquer conclusão que for.
Mas quando criticar assume o sentido de levantar vozes em contrário, difundir o sentimento de que a atual realidade é quase o pior dos mundos e que, sem a fuga completa para um outro mundo, não há a menor esperança de melhora, então acredito que a crítica perdeu sua liberdade de pensamento para o grande vilão do desencantamento do mundo.
Talvez, quem sabe, um socialismo devidamente realizado constitua um sistema infinitamente melhor que o capitalismo para todos os possíveis envolvidos. Ou ainda, por que não, exista um terceiro sistema que se constitua em algo muito melhor do que o melhor dos socialismos já sonhados ou dos capitalimos já fingidos. Mas estas questões, embora válidas e merecedoras de reflexão, não impedem por nenhum caminho lógico que se coloque também em pauta indagações sobre como tornar melhor o mundo atual assumindo como dadas suas principais características de funcionamento. Isto é, assumindo que, sim, este é um mundo capitalista e que a sociedade está organizada em consumidores de serviços e bens e em provedores dos mesmos. E que o equilíbrio entre estes diferentes grupos, quer seja um equilíbrio tendencioso ou não, é um equilíbrio dinâmico cuja manutenção envolve um místico fluxo da tal entitade monetária.
Mais ainda! Contra o pessimismo dos autores que mencionei e de muitos outros, pergunto ainda se o mal funcionamento de um determinado sistema pode ser aceito como prova irrefutável de que a própria idéia do sistema é inviável. Todos aqueles que já tentaram controlar a natureza em suas formas brutas mais básicas em pouco tempo descobriram o quão falsa é essa conclusão. Sim, há inúmeras possibilidades no manejo da realidade. Coisas soltas no ar caem, e você pode tentar deixar uma pedra flutuando bem à sua frente por quantas vezes e de quantas maneiras quiser que não logrará sucesso. A não ser que passe a manejar também outras características da realidade (como criar um campo magnético na região e garantir que a tal pedra tenha metal suficiente preso a ela), o objetivo jamais será alcançado e a idéia inicial é inválida. Há porém inúmeros exemplos em contrário. A história da aviação, a invenção da lâmpada, a conquista espacial... Caso algum dos fracassos iniciais das tentativas de vôo, ou de domínio da eletricidade, ou da criação da luz, ou da realização de viagens espaciais (para ficarmos apenas nos exemplos mais básicos) tivessem sido interpretados por todos como um definitivo atestado de impossibilidade, então certamente viveríamos num mundo onde seríamos muito mais submissos às forças da natureza do que somos hoje.
E quando pensamos em como criar um mundo melhor, quandopensamos em como desejaríamos que certas instituições sociais funcionassem, não estamos também querendo produzir algum tipo de mudança na natureza externa que se nos apresenta? Porém, diferentemente de uma pedra, ou de um avião, a natureza dos mecanismos sociais é muito mais complexa no sentido de que é extremamente difícil antevermos com precisão como ela responderá a um dado conjunto de inputs. Esses inputs, quer sejam na forma de leis, de músicas, de livros, de manifestações visuais ou de coerção física benéfica ou não, interagem sempre com um conjunto tão volumoso e complexamente intrincado de dispositivos que antever com precisão a saída do sistema talvez seja um problema que sempre irá demandar mais tempo para ser calculado do que o próprio tempo que o fenômeno em si demanda para se manifestar, inviabilizando dessa forma qualquer tentativa de previsão ainda que um dia pudéssemos ter um modelo perfeito.
No mesmo sentido em que aqueles que desacreditavam a possbilidade do vôo pelo fracasso das primeiras tentativas colocavam-se como submisso às limitações da natureza, talvez não exista nenhuma espécie social mais submissa às forças coercitivas do capitalimos que os sociólogos e alguns outros de seus colegas humanistas. Isso porque eles se apressam sempre em sublinhar o quão falhas e problemáticas são as estruturas sociais instaladas no capitalismo, e concluem sempre instantaneamente que esta falha explica-se pelo substrato do tal sistema ser justamente o capitalismo ao invés de outro sistema qualquer, que raramente sobra tempo para questionamentos concretizáveis sobre como solucionar as falhas percebidas e colocar o sistema para funcionar sem que todo o resto do maquinário social precise ser desmontado e remontado. Não se trata de aceitar o mundo como ele é e deixar de lado toda a vocação crítica que ferve nas veias de um livre pensador. Trata-se antes da sensatez de aceitar que existem diferentes formas de se abordar um mesmo problema e que encontrar um meio de dar um pequeno passo em direção a um cenário ideal é muito melhor do que ficar para sempre à deriva por não saber como saltar diretamente ao destino.
Wednesday, November 22, 2006
Recomendo
Tuesday, November 21, 2006
Nas páginas a tinta Parker
Do vô do Jabor
"Cuidado Arnaldinho, pois nada é só bom..."
Monday, November 20, 2006
V de Veja o filme!
Assista V de Vingança, um filme muito bom tanto para distrair um pouco como para jogar um pouco de lenha na fogueira em reflexões tanto sobre o presente quanto sobre o passado recente desta sociedade em que as massas, sendo cada vez mais massas (em termos de volume mesmo), criam o substrato ideal para a consolidação da idéia e da imagem como não só produtos da realidade, não só como criadoras da realidade, mas também como constante transporte da realidade de uma configuração a outra, como seu altar de conflito, como seu ringue de santificação.
Alguns ótimos comentários sobre o filme, caçados por aí:
"Mas para um filme interessado em passar uma mensagem claramente revolucionária, não teria sido sensato manter bem definidas as fronteiras entre caos e anarquia? Quem vê o filme não julgará que basta o caos para derrubar um regime fascista, o bombardeamento de uns edifícios simbólicos para se iniciar uma nova era de paz e fraternidade? É nessa direcção que se revelam as maiores falhas de V for Vendetta e o tornam um produto inferior à grande linha de cinema distópico. Existe uma revolução, mas não existe uma reflexão sobre as consequências dessa revolução, apenas uma visão naïve de que os fachos devem ser eliminados, de modo a permitir que a liberdade prevaleça.", em http://www.epicapt.com/2006/04/06/resenha-v-de-vinganca/, uma resenha bem crítica que termina com a fria observação de que o filme "não acrescenta nada de novo ao que já tinha vindo a ser escrito e feito anteriormente, com muito maior brilhantismo. Mas será talvez a obra que tenha capturado, com maior impacto, uma mistura de bom entretenimento com assuntos que exigem uma maior consciência e reflexão da parte do público.".
O jornalista Chico Fireman comenta em seu blog que "Eu finalmente tinha entendido o terrorismo embora ainda não conseguisse concordar com ele ou aprová-lo, embora minha opinião sobre ele continuasse a mesma. O texto de Moore é muito competente ao dar consistência à lógica do pensamento de V. " Veja em http://filmesdochico.blogspot.com/2006/04/v-de-vingana.html
Lendo esses comentários todos e refletindo um pouco preguiçosamente sobre o filme (afinal gente, é domingo e eu sou um humano preguiçoso), vai ficando difícil deixar de lembrar das aulas de Antropologia ainda nos tempos de FFLCH. "Alteridade, a compreensão da realidade do outro como único meio de entender a própria realidade". Basicamente, em dois semestres, isso era tudo de útil que o professor Kabenguele repetia de bom. Mas, agora que o tempo já passou e que esses dois semestres são comprimidos na lembrança tanto quanto se queira, some o tédio e fica a admiração pela pertinência. É muito fácil aceitar a morte do inimigo. A destruição do território alheio em função de uma causa própria. Também é fácil de aceitar... Agora... e se o inimigo fosse um dos nossos? E se descobríssimos ser a própria violência que "nos protege" aquela que devemos combater? Ou se o inimigo estivesse em nossa própria casa, de forma que as mortes todas que acontecessem jorrassem sangue em nossos jardins? O 11 de setembro fez com que automaticamente entendêsse-mos pro vítimas os milhares de civis mortos... Mas se, num raciocínio bem simplista porém buscando salientar extremos... Estivesse ocorrendo naquela manhã, no World Trade Center, uma reunião com toda a AlQaeda, Bin Laden, e incluíssimos ainda Saddam Hussein e quem sabe alguns figurões chineses, e se ao invés de aviões sequestrados tivéssemos civis kamikazes lançando-se contra os prédios, seriam eles então automaticamente convertidos em heróis ao invés de vítimas, e todos os milhares de mortos pelo simples azar de estar no prédio ou nas redondezas no horário, vivariam eles heróis de guerra? Mortos por uma causa? Pode parecer absurdo, uma coisa sem sentido, mas o próximo passo nesse raciocínio de vasculhar extremos é colocar o inimigo num lugar ainda mais próximo: na pele de um aliado. Na do próprio governo, quem sabe. E se isso acontecer? E se, no cenário mundial, forem os nossos líderes os grandes vilões, os grandes criminosos? Quando vamos perceber? E o que vale a pena fazer para mudar a realidade?
Outros links interessantes:
http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/colunas/renato-martins/v-de-vinganca.asp http://www.rabisco.com.br/77/s.htm
[Em inglês]: http://www.comicon.com/thebeat/2006/03/a_for_alan_pt_1_the_alan_moore.html#more
Sunday, November 19, 2006
Argumentos veementes!
Bomba de entropia!
"Entropy is a property of matter and energy, and an open system can exchange entropy in the form of matter and energy between itself and its surroundings. Hence it is a mistake to hold a direct analogy between chaos and high entropy. Thermal energy input to the earth is made through the greenhouse effect of the atmosphere and sunlight in a ratio of 2:1, which would heat the earth to 31°C instead of the actual average of 15°C, were it not for air convection and water evaporation on the Earth's surface. The warm, light air and water vapor generated on the Earth's surface rise and undergo an adiabatic expansion because of the decrease in atmospheric pressure at the upper atmosphere with the result that the temperature falls to -23°C; the water vapor condenses into cloud, rain and snow. The entropy change of this process is equal to the difference between its increase at the earth surface (DSb = DQ/Tb, Tb = 288°K; DQ is the latent heat of water evaporation) and its decrease at the upper atmosphere (-DSa = -DQ/Ta. Ta=250°K); Tb greater than Ta, hence DSb - DSa is less than zero. The heat released through water condensation (-DQ) is dispersed outside of the Earth. Thus, the net entropy change of the earth is negative, the excess entropy being discarded into outer space, contributing to the total entropy increase of the universe. The low entropy in the form of condensed water is returned to the Earth's surface by precipitation. So the entropy of the Earth may continue to decrease by virtue of water circulation. This low entropy of water drives photosynthesis, using CO2 and sunlight as auxiliary raw material, and is transformed into the low entropy of the organic world. Hence, the Earth has been able to support organic evolution throughout its history!"
[...]
"...Earth is a 'magnificent ice-producing' machine constantly being fed low entropy in the form of water precipitation. As long as the water cycle remains intact, Earth can be sustained in a low entropy state... We should define the desired future as the Water Age, as it has always been on Earth, at least until the very recent past.... The Sun is primarily a sourse of thermal pollution, because most of its energy is not used by photosynthesis, while the low entropy of water is fully utilized by the Earth, which is nothing like a space ship because it can discard entropy to the outside."
A ênfase nos fluxos de entropia, a relação com a dinâmica e a existência da vida na Terra, e as perspectivas ambientalistas contidas neste trecho tornam-no uma peça rara. Uma literatura de baixa entropia no meio de tantas manifestações pobres de insight.
Onde eu encontrei o texto? Como uma citação logo na introdução do fantástico compêndio de artigos organizado por F. Eugene Yates e entitulado Self-Organizing systems - the emergence of order.
Considerações de uma manhã chuvosa
Tuesday, November 14, 2006
Percepção
- Caramba!
- É! E eles também fizeram uma vez um teste com uma betoneira, cheia de concreto, e colocaram, sei lá.. uns quatrocentos quilos de dinamite lá dentro. Afastaram-se a mais de um quilômetro depois... Cara, não sobrou nada! Só uma mancha preta no chão. Imagina?! Você transformar uma betoneira numa mancha preta no chão?
- Por isso não me espanta se o mundo acabar um dia, a gente faz por merecer... Imagina quantos recursos não são alocados pra se explodir uma betoneira e divulgar isso mundo afora... Ou para arremessar uma palha a quinhentos quilômetros por hora... Dane-se a fome na Etiópia ou das criancinhas no farol, ou o aquecimento global, ou o analfabetismo... Primeiro é melhor ver como a betoneira explode...]
- É, ... Você falando assim, me dá uma vontade de... de... de me matar...
Monday, November 06, 2006
A Ciência da Frustração...
Friday, October 27, 2006
Segunda lei da termodinâmica - for dummies
Monday, October 23, 2006
Bons livros (de vários assuntos)
- Sobre guerras e operações de guerra. Qualquer livro de Tom Clancy. Há os de ficção e os de não-ficção. Descrição de como é fazer parte da força aérea, da marinha, de como é estar em um porta-aviões... Narrativa de operações na Guerra do Golfo... Muito completo, a obra desse tal de Clancy é bem extensa.
- Se o assunto for engenharia de controle... então esqueça o Ogata. Vá atrás do "Engenharia de Sistemas de Controle"de Norman S. Nise. Bem melhor, bem melhor mesmo! Não sei porque continuam usando o Ogata nos cursos de engenharia...
- Ainda em engenharia, se estivermos falando de elementos finitos, então há duas excelentes opções em português e de autores brasileiros. Método dos Elementos Finitos - Primeiros Passos, que Aloísio Ernesto Assan lançou pela editora Unicamp, e Introdução ao Método dos Elementos Finitos, de Antônio da Silva Castro Sobrinho, que sai pela Editora Ciência Moderna.
- Sem deixar as exatas totalmente de lado, mas partindo para um assunto totalmente abrangente também no meio das biológicas e também das humanas (até das exotéricas se apelarmos um pouco, mas deixemos esse campo de lado), vai aqui a dica do meu último grande achado: Chance, Luck and Statistics, de Horace C. Levinson, pela editora Dover. Não, não é um livro de estatísticas como esses cheios de fórmulas, números, exercícios... É um livro cheio de histórias, explicações... Não é feito pra você enganar seu professor fingindo que sabe estatística, é feito pra você realmente aprender estatística, e não precisamos nos desesperar com um monte de calculeira pra isso...
- Finalmente, pensei em sugerir algum do Paulo Coelho, só pra não perder a piada. Mas considerando nos detalhes, não estou assim tão de bom humor. Até a próxima.
Thursday, October 19, 2006
Suzi
Eu falava com ela. Já estranhei os donos que falavam isso de seus animais, por isso nem vou me atrever a explicar. Mas sim, eu falava com ela. Minha tia vivia tentando colocar a Suzi pra fora de casa e ela vivia se escondendo, relutando, tentando entrar escondida e efetivamente entrando sorrateiramente de algum jeito. Sabia reconhecer o som dos passos da minha tia e prontamente saia do campo de visão entrando debaixo da cama, atrás do sofá, atrás de alguém confiável. E no entando... Quando eu ficava na sala vendo TV madrugada adentro ela ficava sentada ao meu lado, por vezes com o focinho apoiado em minha perna. Finalmente chegava a hora de ir dormir. E onde estava aquela Suzi tão pronta a fugir da porta do quintal e se esconder em qualquer canto? Era outra. Era a Suzi que conversava comigo, que sabia que chegara a hora de dormir. Ela ia sozinha até a porta do quintal e ficava esperando que eu abrisse.
Os passeios pela rua, ou as poucas viagens que consegui fazer com ela... A felicidade dela quando eu voltava de alguma viagem, ficava muito tempo longe... Aprendi muito com a Suzi sobre a forma mais pura de afeto que pode existir.
Agora a Suzi está longe. Mas a Suzi vai estar sempre bem perto.
Monday, October 16, 2006
Palestras
Muitos são os destaques que mereceriam menção aqui, mas não farei justiça a todos. Então, para não ser injusto com esse ou aquele, serei injusto com todos exceto um: o astronauta brasileiro. Marcos Pontes é, antes de tudo, uma personalidade carismática. Tudo bem que muitos colocariam aqui, em primeiro lugar, a capacitação técnica e o profissionalismo que avolumam seu histórico profissional. Mas bastam alguns minutos iniciais de palestra, e mesmo o "olá" inicial para os mais atentos, para que se evidencie que o carisma é o grande propulsor desta personalidade que se lançou do Brasil ao mundo e conquistou o espaço.
Sunday, October 08, 2006
Summercrime
Tuesday, October 03, 2006
Atribuições
Não é que funciona?!
Sunday, October 01, 2006
Intimidade indecente
Monday, September 25, 2006
Certo ou errado?
Wednesday, September 20, 2006
For further investigation. . .
- http://www.neil.nu/yak.html - The russian Yak-18 as a little R/C model.
- http://web.vtc.edu/MEC/1012/Spring_05/Electronic_Notebooks/SClement/SClement.htm - A very interesting concept
- www.combataircraft.com - lots of line drawings, performance information and pictures.
- http://books.elsevier.com/companions/034074152X/appendices/data-a/default.htm - Complete tables with performance and geometric data for lots of airplanes. Excel files available.
Friday, September 15, 2006
Thursday, September 14, 2006
Um bom lugar para se viver
- Ô tio, leva um chiclete aí?!
A cabeça dentro do carro acena que não.
Segue o menino adiante.
A cabeça dentro do carro observa pelo retrovisor.
O menino volta.
- Ô garoto!
- Vai levá um?
- Me diga, você estuda?
- Estudo, tô na sexta série.
- E mora aonde?
- Lá pro lado de Guaianazes...
- É bem longe... Então, e o que você quer ser quando crescer?
- Eu queria ser bombeiro.
- Então promete pra mim que vai estudar sempre e não vai desistir? Se vocâ não desistir, vai conseguir ser bombeiro, garanto!
E a mão se estende janela afora com um real.
- Prometo. Toma.
Entrega-se a caixa de chiclete.
- Não vou levar o chiclete não, pode ficar.
Esta cidade apresenta um ótimo custo de vida. Compra-se nas ruas, por um real, paz de espírito e uma alforria da realidade.
Wednesday, September 13, 2006
=D
"Meu pai é obcecado por seu nariz, escravizado por ele. Na sua cabeça, Deus criou o nariz como uma brincadeira e esqueceu dele na correria para criar o mundo antes de domingo, seu dia de folga. Meu pai e Deus têm muita coisa em comum: Deus tem o destino de todas as vidas sobre seus ombros, papai tem renite alérgica. Para papai, isso dá um empate."
Tuesday, September 12, 2006
Edith Riemer
A história, contada pela própria Riemer, não ocupa nem quatro páginas do livro de Paul Auster, "Achei que meu pai fosse deus". É da Companhia das Letras, e contém inúmeras histórias que ouvintes de uma rádio enviavam para serem lidas no ar. O autor do livro é o próprio radialista, que selecionou as melhores dentre umas quatro mil e montou o livro.
Eu estava achando o livro simplesmente curioso e divertido até chegar a história da bicicleta. Eu amo bicicletas. E também acho história um assunto interessante. E me divirto ao ver amostras da estupidez humana. E amo ser humano e ficar comparando minhas estupidezas com as dos outros.
Tá recomendada a leitura.
Sunday, September 10, 2006
Outros sonhos
Sonhei que o fogo gelou
Sonhei que a neve fervia
Sonhei que ela corava quando me via
Sonhei que ao meio-dia
Havia intenso luar
E o povo se embebecia
Se empetecava João
Se emperequetava Maria
Doentes do coração
Dançavam na enfermaria
E a beleza não fenecia
Belo e senero era o som
Que lá no morro se ouvia
Eu sei que o sono era bom
Porque ela sorria, até quando chovia
Guris inertes do chão
Falavam de astronomia
E me juravam o diabo
Que Deus existia
De mão de mão o ladrão,
Relógios distribuía
E a policia já não batia
De noite raiava o sol
Que todo mundo aplaudia
Maconha só se comprava na tabacaria
Drogas na drogaria
Um passarinho espanhol
Cantava esta melodia
E com sotaque esta letra
De sua autoria
Sonhei que o fogo gelou
Sonhei que a neve fervia
E por sonhar o impossível
Ah, sonhei que tu me querias
Monday, September 04, 2006
United 93
Durkheim classificaria os suicidas que protagonizaram os seqüêstros de 11 de setembro como sendo do tipo "altruístas", ou seja, eles livram-se da própria vida por força de uma estrutura social externa que se sobrepõe a todos os impulsos pessoais de manutenção da vida. É uma patologia social perigosa (soaria academicismo exagerado falar isso antes do fatídico dia 11), até porque envolve indivíduos sem nenhuma "anomalia", não é um tipo de loucura. Pelo contrário: compõe-se precisamente de um excesso de coerência com a estrutura social vigente.
Tá bom, falo um pouco sobre o filme, explicitamente: é muito bom. Realista. Eu fiz uma lista pequenas de momentos "hollywoodianescos", no mau sentido, mas só os mais chatões ficariam implicando com estes detalhes. É um filme como eu diria que tem que ser os principais filmes sobre o 11 de setembro (bem como outros filmes históricos documentando atrocidades do homem contra o homem): mostrar a coisa como ela deve ter se passado mesmo, sem mais nem menos.
Um pensamento que me é recorrente sobre essa história dos atentados é sobre a recorrente crítica de que "o sistema de defesa americano falhou". Não, eu não fico criticando ou tirando sarro dos americanos como muita gente por aí. E também nada de ficar achando que o sistema de defesa deles é algo como se vê nos filmes em que americanos vencem alienígenas. É fato eles não estavam preparados para o que aconteceu. Mas também é admirável a estrutura tecnológica que, sim, os norte-americanos têm instalada para controle do espaço aéreo e possível intervenção (interceptação de alvo por caças ou mesmo mísseis). Mas nesse contexto todo, o que me interessa é ver como as ações, sempre, invariavelmente, passam por pessoas. Em um dado momento, os militares tiveram autorização para abater aviões sequestrados. A ordem não foi passada adiante pelo receio de que, no meio de toda a confusão, aeronaves não-sequestradas fossem acidentalmente abatidas.
Computadores. Radares. Jatos supersônicos. Mísseis nucleares. Satélites. Rede integrada de informações.
E por trás de tudo, a guerra entre bom-senso, equívocos e as piores das intenções.
A guerra mais séria vivida pelo mundo é a guera das decisões.
Saturday, September 02, 2006
Bêbado
O inesperado. Aquilo que é vivo de uma vida organicamente autônoma. Isso sim. O expontâneo. Já parou para pensar no quão complicado é conquistar o expontâneo? Não se trata de uma negociação... de um jogo ou de uma troca. Conquistar o expontâneo é quase uma contradição, mas ainda assim possível. Está no limite entre os sonhos mais justos e as sujeiras mais possíveis.
Quero mais um copo.
Wednesday, August 30, 2006
Até nunca mais
- A gente se conhece?
- Talvez, parece né...
Mas quem seria? Conversamos sobre nossos colégios, cursinhos, enfim... Nada. E naquela confusão de histórias desconexas, um tchau. Um adeus.
Wednesday, August 23, 2006
João Rodrigues
Eu penso assim e você também pensa exatamente assim, não é? Não? Seja sincero... Se você não pensa assim, então porque você age como se pensasse assim? Enquanto não nos dispusermos a agir de uma forma mais humana, que tal ao menos termos coragem de expor às claras nossos pensamentos e termos coragem de assumir essa sujeira escondida debaixo de nossas roupas limpas e peles perfumadas? Ou então, quem sabe, poderíamos agir de outra forma...
Compensa...
Tuesday, August 22, 2006
Inefáveis pensamentos
Achei que haviam descoberto um abismo lógico nas idéias que rascunhei alguns posts abaixo. Mas depois, pensando melhor, vi que a própria palavra inefável soluciona o mistério que criou. As coisas todas inefáveis, afinal, ao menos uma palavra recebem. Essa palavrinha engraçada está no fim do mundo das palavras já.
Em resumo: as coisas inefáveis não são inefáveis pois diz-se delas que são inefáveis.
Sunday, August 20, 2006
El dia que me quieras
- Comentários sobre a peça pela revista Bravo! em http://www.bravoonline.com.br/noticias.php?id=1401
- Vídeo no YouTube com a música, cantada por Sara Montiel. Procure por "SARA MONTIEL - EL DIA QUE ME QUIERAS".
- E, por fim, a letra da música:
Acaricia mi ensueño
el suave murmullo
de tu suspirar.
Como ríe la vida
si tus ojos negros
me quieren mirar.
Y si es mío el amparo
de tu risa leve
que es como un cantar,
ella aquieta mi herida,
todo, todo se olvida.
El día que me quieras
la rosa que engalana,
se vestirá de fiesta
con su mejor color.
Y al viento las campanas
dirán que ya eres mía,
y locas las fontanas
se contarán su amor.
La noche que me quieras
desde el azul del cielo,
las estrellas celosas
nos mirarán pasar.
Y un rayo misterioso
hará nido en tu pelo,
luciernagas curiosas que verán
que eres mi consuelo.
El día que me quieras
no habrá más que armonía.
Será clara la aurora
y alegre el manantial.
Traerá quieta la brisa
rumor de melodía.
Y nos darán las fuentes
su canto de cristal.
El día que me quieras
endulzará sus cuerdas
el pájaro cantor.
Florecerá la vida
no existirá el dolor.
La noche que me quieras
...
Velha ordem na Terra
Pois é. Um grupo de cientistas se reunirá em Praga para discutir sobre isso... Palavras. Chamar ou não pedregulhos gigantes e redondos por "planetas"? E a observação de que, qualquer nome que for, eles continuarão fazendo as mesmas coisas que fazem, sendo por trás das palavras as mesmas coisas que, em silêncio mudo, sempre foram.
O encontro em Praga é um dentre tantos todos os fenômenos que, bem observados, indicam uma coisa só: são as palavras. No fundo, os astrônomos não estão preocupados com os planetas, mas com as palavras que associam a eles. Não querem trabalhar para entender os céus, mas precisam loucamente de todos os debates possíveis para construir um grande castelo de palavras em seus imaginários. E não são só os astrônomos. São todos. Todos.
Dentre as palavras, é claro, os substantivos desempenham esse papel religioso fundamental: substancializam. Constroem o mundo do lado de dentro, o lado que importa. E aí nasce o mundo, afinal só enxergamos das palavras pra dentro. Não é assim, afinal?
Não é verdade que a realidade física manifesta, quer seja de planetas, quarks, muons, olhares, contratos, dinheiros ou projéteis, pouco importa? Afinal, "ter" não é em momento algum da história a posse física atual, mas sim a ameaça futura de retaliações e agressões contra os que ousarem transgredir a posse substancializada pela palavra "meu". E assim também das palavras fazem-se as guerras, os sucessos, os amores, os fracassos. Quão pobre de substância é a matéria sem sua palavra, a ofensa de olhares e imagens se impalavreável... Quão inexistente...
Mas e quanto a esses momentos em que nos colocamos no alto de uma grande paisagem e experimentamos as sensações todas do contemplar, de ouvir o vento, de entender a tarde? São só momentos em que o ser busca se des-substancializar, deixar de ser. São minutos em que se é pra si. Existências desaparecidas pra nunca ninguém saber. E, com efeito, o que fica são apenas as palavras divulgáveis e a todos inteligíveis do que muito se queria ter em segredo.
Um alquimista tentou purificar de todo a complexa substância amor apenas o que fosse sentimento. Julgou pelos antigos princípios de sua ciência que teria assim a maior parte das substâncias envolvidas, mas estava enganado. Terminou com um vidro vazio. Porque essa coisa cheia de sentimentos e só que ele esperava encontrar não é amor. Amor são palavras e atos. São exterioridades apropriáveis, e nunca manifestações invisíveis ou categorizáveis por palavras dúbias. As poesias e declarações não são fruto do amor. São seu alicerce. E é essa a ordem das coisas que se manifesta também em outras substâncias jamais tão bem exploradas pelos alquimistas.
Os substantivos inventaram o homem. Que criou Deus como sua sonhada imagem mas com semelhante dissimulação. E Deus criou o Universo, descançou no sétimo dia. E teria ido para a praia no oitavo, não fosse o desestímulo dos congestionamentos.
Para destruir a humanidade, destrua primeiro as palavras, que imediatamente as engrenagens esquecerão o que é girar e os canhões desconhecerão qualquer sentido de mirar ou atirar. E não importa que de então em diante pouco sobrará neste planeta. O que é, afinal, um planeta?
You Tube!
- freak
- loneliness (embora dê muito trabalho filtrar as inúmeras músicas que aparecem aqui.... não estava procurando músicas)
- Tapa na pantera (não confunda com tapa na lagartixa, não tem nada a ver)
- Carlos Gardel (sim, tem vídeos dele lá)
- El Perseguidor (Julio Cortázar)
- São Paulo
- Kazebre
- Charlie Parker & Dizzy Gillespie
Saturday, August 19, 2006
El dia que me quieras
"Escrita em 1979, a comédia do venezuelano Ignácio Cabrujas já ganhou várias montagens no Brasil. A atual, traduzida por Antônio Mercado, está sob responsabilidade da companhia paulistana Folias. A peça sintetiza uma época de esperanças frustradas a partir da visita do cantor Carlos Gardel à casa de uma família tradicional. Enquanto suas irmãs tentam manter o glamour dos áureos tempos, Maria Luísa deseja vender a casa para aventurar-se pelo mundo com o noivo comunista. Três músicos (piano, violino e percussão) acompanham o elenco em seis canções, entre elas Cuesta Abajo e Por una Cabeza, além do clássico que dá nome ao espetáculo. Direção de Marco Antonio Rodrigues."
Vale comentar também do teatro. Você entra, e percebe que está cruzando o palco. A platéia fica do lado oposto. Então, enquanto você está sentado assistindo a peça, vê atrás do palco a porta que dá para a rua. E a porta era efetivamente utilizada como porta da casa que estava sendo encenada. É claro que os desavisados que passavam pela rua no momento tinham reações das mais engraçadas. E não pude deixar de fazer o comentário à minha amiga: "Caramba, quantos figurantes, hein?!"
Destaques: Elvira, a expressiva tiazona pulso firme (endurecido pela vida); a angelical violinista que tudo observa... ah, todos estavam muito bons! Eu gostei.
Thursday, August 17, 2006
Vivo
De um ontem de mim...
Em um caderno bem velho.
Wednesday, August 16, 2006
Repertório
Vou precisar de mais de um CD, provavelmente... Quanto tempo será que demora pra chegar?
- Cecília
- Beatriz
- Luiza
- Metal contra as nuvens
- Dream a little dream of me
- Vento no litoral
- No frontiers
- Foolish games
- Near you always
- You were meant for me
- Olê olá
- Teresinha
- Valsinha
- Quem te viu, quem te vê
- Marcha da quarta-feira de cinzas
- Perfeição
- Solitary shell
- About to crash
- Losing time
- Hell's Kitchen
- Take away my pain
- Another day
- Millenium sun
- Rebirth
- No pain for the dead
- Late redemption
O pior de mim...
"Quando se fecha em si, buscando sua realidade interior isolado do mundo, o que o indivíduo encontra? Nada. Descobre um verdadeiro vazio. Perde-se sem referência." Palavras de uma longínqua aula de Sociologia I. Na época eu era muito mais engenheiro do que sou hoje, e não entendi nada. Para mim era tudo conversa de humanista, "viagem" de palavras bonitas mas sem sentido prático. Engraçado é que hoje sou muito mais humanista do que jamais fui, ainda que com um restrito repertório de leituras por conta do tempo que preciso ficar calculando programando ou não-dormindo no curso de engenharia. Hoje eu aproveitaria muito mais uma aula do Prof. Glauco Arbix. Riria mais, é verdade, das metáforas sem fim que usavam, começando com risotos, tudo o que é tipo de comida. Mas as entenderia melhor, também.
Estou divagando. O post é para discutir um pouco do "pior de mim". Dessas manobras que fiz tendo como vítimas pessoas por quem cultivei ódio, desprezo e, por fim, pior de tudo, indiferença. A manobra em si foi uma catástrofe (ainda bem).
Mas a pergunta que fica boiando na minha cabeça é: o quanto eu me fiz pior com tudo isso? O quanto foi covardia? O quanto foi coragem?
Deveriam histórias assim nunca serem contadas, nem ao menos tangenciadas como as tangencio agora, ou deveriam ser um dia ditas completas e sem cortes a todos?
Pois às vezes sinto que de perto ninguém é plano. E que todo mundo tem seus infinitos inalcançáveis. Por que eu deveria me incomodar em não alcançar os meus?
Boas entrevistas
http://video.google.com/videoplay?docid=-3133438412578691486&q=steven+pinker
Monday, August 14, 2006
Who's correct?
Gertrude Stein
"Loneliness is the poverty of self; solitude is the richness of self."
May Sarton
"Do not allow yourself to be imprisoned by any affection. Keep your solitude. The day, if it ever comes, when you are given true affection there will be no opposition between interior solitude and friendship, quite the reverse. It is even by this infallible sign that you will recognize it."
Simone Weil
"To fear love is to fear life, and those who fear life are already three parts dead."
Bertrand Russell
Procurando links sobre evolução?
http://members.aol.com/jorolat/evolinks.html
Vale a visita.
Sunday, August 13, 2006
Mandamentos do Cyrillo
Quando estiver viajando pelo mundo, onde quer que seja, lembre-se:
- Tenha cara-de-pau, estique o dedo e seja o que Deus quiser!
- Pense positivo e esteja preparado para uma grande roubada.
- Olhe nos olhos da pessoa e sorria! Impossível não dar certo.
- Faça amizade com funcionários de marinas e iates clubes.
- Cite nossos craques de futebol: "Pelê, Ronaldô, Romariô". Brasileiro sempre é bem recebido.
Mais uma insolúvel!
- Nossa, como eu sou egocêntrica!
Tentei ajudar:
- Calma! Por que diz isso?
- Porque sou a pessoa mais egocêntrica que eu conheço!
Num momento de desespero, dei um fora insolúvel:
-Não é verdade! Você só precisa reparar mais nas pessoas ao seu redor ao invés de só olhar pra você!
Empresas verdes, bem verdinhas!
"I don't have anything against helping the environment," says Thorsen. "But the main driver for us is profit." [Thorsen é o CEO de uma empresa de energia solar, que muito tem feito pelo meio-ambiente]
slogam da General Eletric: "Green is green," referindo-se às "verdinhas", os dólares...
O final da reportagem: "Making money is great. And if you can save the world at the sime time, so much better". É bem curioso, essa frase jamais apareceria na ordem invertida: "Ajudar o meio-ambiente é ótimo. E se você conseguir ganhar dinheiro ao mesmo tempo, tanto melhor!" Esta última estrutura é ideologicamente preferível, mas apresenta problemas intransponíveis de viabilidade, ao passo que a primeira soa num primeiro momento como se proferida por um vilão daquele velho desenho "Capitão Planeta", embora no mundo de hoje só esse vilão tenha capacidade de angariar recursos para a manutenção do verde. E das verdinhas.
Cordel
Saturday, August 12, 2006
Considerações
Tenho algumas dúvidas restando sobre esta constatação, mas talvez seja mais uma relutância consequente da minha pouquíssima simpatia pela tese que me vejo forçado a defender que uma real falta de base para sustentá-la. De tempos em tempos, quando se tem acesso a detalhes dos universos internos que se escondem por trás das histórias, gosto de compará-los ao que vai efetivamente ocorrendo na "vida lá fora".
É difícil não se flagrar consternado e perturbado diante das constatações de tão profundos contrastes.
E em determinados momentos em que a música permite, o horizonte vai longe e o vento é calmo sobre uma paisagem ao mesmo tempo caótica e serena, concluo que sou exatamente assim também, não importando o quão épicos são meus esforços para a construção de uma coerência impecável. Sinto-me por alguns instantes aliviado por saber que em mim, ao menos, há essa preocupação com a coerência, e já no instante seguinte torna-se tudo muito claro: de que isso importa, afinal?
Fora de fase
Friday, August 11, 2006
É bem simples, na verdade.
E é claro que há dessas pessoas por aí que parecem saber disso por instinto, por programação genética. E é sempre um prazer estar com elas.
Thursday, August 10, 2006
Feliz dia dos pais.
Não vai ser por falta de opção!
Promessa é divida...
Improvisando....
Wednesday, August 09, 2006
Não é possível!
Tuesday, August 08, 2006
Sempre, sempre a velha pergunta sem resposta...
Como?
Um polignárito
Nota: gnaritas (do latin), significa conhecimento. Gnarus significa expert, familirizado com, etc...
Nicollò Machiavelli
"Os preconceitos têm mais raízes do que os princípios."
"Os homens quando não são forçados a lutar por necessidade, lutam por ambição."
"O homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons."
"O desejo de conquistar é algo de extraordinário e natural, e aqueles que se entregam a tal desejo quando possuem os meios para realizá-lo são antes louvados que censurados."
"Todos vêem aquilo que pareces, poucos sentem o que és."
"O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio"
À parte esta e aquela distinção fundamental, ocorre-me agora que Maquiavel e Nietzsche deveriam ter sido postos pela história em lados opostos de uma mesma mesa de bar. O mundo teria um bom punhado a mais de boas histórias para contar...
O Frango...
PERGUNTA: Por que o frango cruzou a estrada?
Algumas respostas:
PROFESSORA PRIMARIA: Porque queria chegar do outro lado da estrada.
CRIANÇA: Porque sim.
FHC: Por que ele atravessou a estrada, não vem ao caso. O importante é que, com o Plano Real, o povo está comendo mais frango.
ACM: Estava tentando fugir, mas já tenho um dossiê pronto, comprovando que aquele frango pertence a Jorge Amado. Quem o pegar vai ter que se ver comigo.
CAETANO VELOSO: O frango é amaro, é lindo, uma coisa assim amara. Ele atravessou, atravessa e atravessará a estrada porque Narciso, filho de Canô, quisera comê-lo, ou não!
DORIVAL CAYMMI: Eu acho (pausa)... - Amália, vai lá vê pronde vai esse frango pra mim, minha filha, que o moço aqui tá querendo sabê...
CARLA PEREZ: Porque queria se juntar aos outros mamíferos.
SURFISTA: O bicho atravessou, cara... Bicho manêro, aí. Demaaaaais...Issah...
PORTA-VOZ DA OTAN: Era um frango??! Iiiihhhh...
MARTIN LUTHER KING: Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos serão livres para cruzar a estrada sem que sejam questionados seus motivos.
MAQUIAVEL: A quem importa o porquê? Estabelecido o fim de cruzar a estrada, é irrelevante discutir os meios que utilizou para isso.
FREUD: A preocupação com o fato de o frango ter cruzado a estrada é um sintoma de sua insegurança sexual.
ALBANI: Porque estava feliz.
PLATÃO: Porque buscava alcançar o Bem.
ARISTÓTELES: É da natureza dos frangos cruzar a estrada.
NELSON RODRIGUES: Porque viu sua cunhada, uma galinha sedutora, do outro lado.
MARX: O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de cruzar a estrada.
MOISÉS: Uma voz vinda do céu bradou ao frango: "Cruza a estrada!" E o frango cruzou a estrada e todos se regozijaram.
ALMIR KLINK: Para ir onde nenhum frango jamais esteve.
DARWIN: Ao longo de grandes períodos de tempo, os frangos têm sido selecionados naturalmente, de modo que, agora, têm uma predisposição genética a cruzar estradas.
EINSTEIN: Se o frango cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob o frango, depende do ponto de vista. Tudo é relativo.
HEMINGWAY: "To die. Alone. In the rain."
GEORGE ORWELL: Para fugir da ditadura dos porcos.
SARTRE: Trata-se de mera fatalidade. A existência do frango está em sua liberdade de cruzar a estrada.
MACONHEIRO: Foi uma viagem...
PINOCHET: El se fué, pero tengo muchos penachos de el en mi mano!
FEMINISTAS: Para humilhar a franga, num gesto exibicionista, tipicamente machista, tentando, além disso, convencê-la de que, enquanto franga, jamais terá habilidade suficiente para cruzar a estrada.
PDT: Para protestar contra as perdas internacionais promovidas por esse governo neoliberal e entreguista, e apoiar a renúncia de FHC, já ! Fora FHC!
MALUF: Não tenho nada a ver com isso. Pergunte ao Pitta.
NIETZSCHE: Ele deseja superar a sua condição de frango, para tornar-se um superfrango.
CHE GUEVARA: Hay que cruzar la carretera, pero sin jamás perder la ternura.
BLAISE PASCAL: Quem sabe? O coração do frango tem razões que a própria razão desconhece.
SÓCRATES: Tudo que sei é que nada sei.
PARMÊNIDES: O frango não atravessou a estrada porque não podia mover-se. O movimento não existe.
------------------
NOTAS MINHAS: Não gostei, em particular, da frase do Maquiavel. Está uma porcaria e vou reformulá-la:
MAQUIAVEL: Porque encontrou um meio de fazê-lo, qualquer que seja.
E poderiam ter incluído:
NEWTON: Porque, ao empurrar a estrada para trás, esta impôs ao Frango uma reação de igual intensidade, porém em sentido contrário.
SEU MADRUGA: Para fugir das bofetadas da velha coroca...
CHUCK-NORRIS: Porque eu mandei. Algum problema? Ah bom, melhor assim...
PAI DO JOÃO: Ah! Puta que o paril! Ele já atravessou é?! Cadê esse frango hein? Puta que o paril!
HELOÍSA HELENA: Porque nesse país esses Frangos acreditam que indo para o outro lado da estrada estão fazendo algum bem para o povo, mas são uns caras-de-pau! Tenho nojo deles! Mas respeito que tenham ido pra lá. Só espero que não me matem!