Faltavam poucos dias para a viagem. Duas semanas foras, vários países. Hotéis, passagens, trens, mapas. Muitas coisas para planejar. Mas havia uma urgência local: um relatório, até sexta-feira.
- Olha, até sexta-feira vai ser impossível, mas posso providenciar para ele ser enviado no começo da semana que vem, pode ser?
- Ah Adriano, eu agradeço muito por isso! Preciso do relatório dessas atividades o quanto antes.
Não havia ainda um software para analisar os dados. Passei a sexta-feira fazendo o software. E o sábado. E o domingo. Na casa dos pais da namorada, no almoço em família, lá estava eu no quintal, notebook no colo. Software pronto, mais algumas horas com o aplicativo rodando para analisar dois meses de milhões de números gravados. Gerando imagens, gráficos, e colocando tudo no word. Depois, escrever as explicações.
A segunda-feira inteira assim, escrevendo explicações.
E a quarta-feira, dia da viagem, chegando.
E a terça-feira inteira cuidando dos detalhes. Revisando o relatório, arrumando legendas das figuras, organizando os anexos. Aí pedi ajuda ao chefe.
- Olha, o relatório está aí. Só falta solicitar um número de relatório e colocar as informações burocráticas na introdução, mencionando o número do projeto, e enviar. Não vou estar aqui para assinar, mas enviamos uma cópia digital porque o cliente tem urgência, e assim que eu voltar, assino a versão em papel e enviamos, ok?
Na quarta-feira fiz as coisas da viagem, que deveria ter feito ao longo de todo o final de semana. E de repente já era hora de ir para o aeroporto.
Semanas se passaram e agora estou de volta.
E o relatório não foi enviado. E não recebemos mais nem um e-mail sequer do cliente.
Agora estou indo para a Av. Paulista protestar pelo fim das coisas urgentes que não importam porra nenhuma.
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